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Sofia e o reino dos sonhos
Era uma vez uma menina chamada Sofia, que vivia numa pequena cidade encantada, onde o tempo parecia se mover ao ritmo do carinho e das risadas. Ela morava com seus avós, em uma casa acolhedora, onde as paredes pareciam respirar histórias e o calor de cada cômodo abraçava sua alma. O aroma constante de bolos recém-assados e pastéis fritos criava uma trilha de fragrâncias que guiava Sofia de volta ao lar, sempre que se afastava, como uma memória gravada no ar. O quintal da casa, vasto e vibrante, era dominado por um imenso pé de jasmim. As flores brancas, delicadas como rendas, liberavam um perfume tão intenso que parecia materializar a alegria. Quando o vento soprava suave, as pétalas dançavam no ar, formando desenhos fugazes que misturavam-se com as nuvens, alimentando a imaginação de Sofia. Ela passava horas deitada na grama, olhando para o céu, encontrando formas nas nuvens que lhe traziam as mais fantásticas histórias. Certa vez, enquanto observava as nuvens, sua avó, com um sorriso carinhoso, disse: — "Sofia, querida, o que você vê lá em cima?" — "Olha, vovó! Aquela nuvem parece um grande bolo de chocolate!" — "Ah, se eu pudesse fazer um bolo assim, você seria a primeira a experimentar!" Sua avó, uma mulher de pele macia e cabelos prateados como os raios de luar, tinha mãos que pareciam possuir magia. Ela transformava os ingredientes mais simples em maravilhas culinárias. Os bolos saíam do forno dourados e fofos, exalando aromas de baunilha e canela que se espalhavam pela vizinhança. Os vizinhos diziam que o cheiro dos pastéis fritos e dos sonhos recheados que ela preparava era como um convite para reviver a infância. Todos os dias, na escola, Sofia aguardava ansiosa o intervalo. Seu avô, sempre pontual, aparecia com uma lancheira de madeira que ele mesmo havia esculpido. — "Oi, minha pequena! Trouxe algo especial para você!" — "Uau, vovô! O que tem dentro?" — "A sua comida favorita! Bolinhos quentinhos e pastéis crocantes!" Sofia adorava a forma como o cheiro do café torrado e o perfume doce dos quitutes se misturavam, formando uma combinação única, um abraço invisível que a fazia sentir-se amada e protegida. Atrás da casa, havia um pequeno galpão, repleto de mistérios. A oficina de seu avô era um lugar de silêncio e história, onde ferramentas antigas e objetos esquecidos descansavam sob uma fina camada de poeira. Para Sofia, aquele lugar era uma terra mágica, onde cada item contava uma história secreta. Ela adorava vasculhar as prateleiras e gavetas, imaginando as aventuras que cada objeto poderia ter vivido. Certo dia, em uma tarde dourada pelo sol, enquanto brincava entre as prateleiras de madeira, Sofia encontrou um relógio despertador antigo, de metal envelhecido. — "O que é isso, vovô?" — perguntou ela, segurando o relógio. — "Ah, esse é um relógio muito antigo. Dizem que tem uma história mágica." Estava coberto de poeira e seus ponteiros parados indicavam um horário perdido no tempo. Algo, porém, fez com que Sofia sentisse uma atração especial por ele. Com um gesto delicado, ela soprou a poeira, revelando o brilho desbotado do metal, e ao girar a pequena chave para dar corda, algo extraordinário aconteceu. O relógio começou a funcionar, e o som dos ponteiros movendo-se ecoou pela oficina, como se aquele pequeno objeto estivesse voltando à vida. Logo em seguida, uma melodia suave e antiga encheu o ar, envolvendo Sofia em uma luz brilhante. Quando a luz se dissipou, ela não estava mais na oficina. Estava em um mundo mágico, onde as cores eram mais vivas e os sons mais doces. À sua volta, o céu era azul como o algodão, e bolos flutuavam como nuvens suaves. As árvores tinham frutas feitas de confeitarias, e o aroma das delícias de sua avó dançava no ar como uma canção familiar. Era um lugar que parecia saído de seus sonhos mais felizes, um reino onde cada memória de infância se materializava em formas doces e calorosas. Nesse mundo mágico, Sofia encontrou pessoas que pareciam saídas de sua imaginação: amigos antigos de sua avó, que riam e contavam histórias enquanto provavam os quitutes. — "Sofia! Venha experimentar essas delícias!" — chamava uma senhora de vestido florido. — "Você vai adorar! É como voltar no tempo!" — riu outro amigo de sua avó. Sofia descobriu, então, que o relógio era uma ponte entre seu mundo e esse reino encantado. Sempre que o relógio tocava, ela era transportada de volta a esse lugar mágico, onde poderia reviver os momentos preciosos que guardava no coração. Ela dançava sob árvores de frutas confeitadas, participava de banquetes de sonhos e ria com seus avós e amigos em mesas infinitas, onde cada risada era um eco do amor que compartilhavam. Após muitas aventuras e reencontros, Sofia sabia que era hora de voltar. Com um último olhar para aquele mundo cheio de magia e lembranças, ela retornou à oficina. — "Até logo, meus amigos! Eu voltarei!" — prometeu Sofia. O relógio ainda estava lá, pulsando com vida, como um lembrete de que as memórias e o amor que sentia por seus avós nunca desapareceriam. Não importava quanto tempo passasse, ela sempre poderia voltar àquele lugar, guiada pela batida constante e suave do relógio mágico. E assim, Sofia cresceu, levando consigo a doçura das lembranças e o amor incondicional de seus avós. Cada memória era um tesouro que guardava no coração, e, mesmo nos dias mais difíceis, ela sabia que sempre poderia voltar ao mundo onde a magia e o amor eram eternos.
Atualizado em: Qua 23 Out 2024