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LASCÍVIA

Era final de tarde, o tempo estava um tanto abafado e ela acabara de sair de um longo e refrescante banho. Usando apenas um roupão o corpo ainda úmido e os cabelos gotejando em seus ombros, da janela de seu apartamento ela observava a chuva fina que caia lá fora. Estava em uma posição semi fetal, a cabeça encostada à vidraça, as pernas encolhidas e as mãos entre elas. Aquela posição trazia-lhe doces lembranças de como dormia agarrada ao seu bichinho de pelúcia, seu ursinho Ruddy. Tinha entre sete e oito anos, época de descobertas, de iniciação. Gostava de abraça-lo por trás e sentir a protuberância que deveria ser o rabo encaixando-se exatamente em sua pequena vulva, o movimento inocente a respiração ofegante e o suor em sua testa, despertava-lhe um viço, um deleite, um torpor, um prazer silencioso que a entregava aos braços de Morfeu. Aos nove anos fora estudar em um colégio de tempo integral. Três anos lhe foram bastante para a descoberta da sensualidade, da volúpia, da libido, de quanto podia causar ante meninas, meninos e até professores. Último ano, terceiro bimestre e precisava de boas notas para não comprometer sua média final principalmente em física. Terceira fila, primeira cadeira frontal à mestra, saia na altura do joelho, calcinha na mochila, (proposital), pernas entreabertas, olhar insinuante e um sorriso devasso. A algum tempo notara como era observada por ela, e por isso quando ia perguntar alguma coisa, nunca ia pela frente da mesa, como todos faziam, postava-se ao lado dela e de leve encostava o tenro seio em seu ombro, falava suave quase um sussurro, respirando devagar deixando que ela sentisse seu hálito e o odor de seu xampoo, pura provocação. Agora ela a olhava por sobre os óculos, gotas de suor se formavam em sua testa e vez por outra passava a língua nos lábios ressecados pela respiração rápida, suas mãos não estavam sobre a mesa e podia ver movimentos desconexos por baixo dela. Abriu um pouco mais as pernas, e viu como ela mordeu os lábios e teve um leve tremor. Fechou os olhos e sentiu algo diluindo entre suas pernas, como manteiga em chapa quente. Aquele ano passaria por média. Até que enfim férias, dois meses de folga na chácara de seus pais com direito a banho de rio e passeio pelo campo e longas cavalgadas. Em uma dessas fora acompanhada pelo filho do caseiro, pois o cavalo em que montava não era ainda tão dócil, e foi esse cavalo que assustado a jogou ao chão quase quebrando-lhe a perna. Foi amparada pelo rapaz que a tomou nos braços e a levou até à sombra de uma arvore onde, rasgou a própria blusa e foi ao riacho ali perto para umedecê-la e tentar aliviar a dor da perna dela, que já não era tanta só de ver o quanto ele era formoso, moreno, forte, espadaúdo, um Deus. Perguntou-lhe como estava e ela disse venha ver, pôs suas mãos em torno de seu pescoço e o puxou pra si. As nuvens passavam velozmente diante de seus olhos, passarinhos voavam ao seu redor, luzes cintilavam em sua cabeça, era a glória. Fora sua primeira vez com um homem, mas com certeza não seria a última. Tivera todas as experiências possíveis, mas ninguém poderia acusa-la de impudica, devassa, libidinosa, libertina ou pornográfica, licença ao prazer cada um se permite. O som estridente da campainha lhe trouxe de volta à realidade, deveria ser a visita que estava esperando. Com o roupão ainda entreaberto encaminhou-se até a porta; Ali estava ela, divina e luxuriosa. Beijou-lhe diretamente na boca, um beijo suave, molhado, promiscuo. Tomou-a pela mão e a levou até uma grande sala, onde uma mesa baixa e redonda estava ornada com uma chaleira, um jarro com saquinhos chá, um outro com torradas, duas xícaras e ao redor várias almofadas coloridas onde se sentaram. No percurso da porta até ali sentira algo se diluindo em seu baixo ventre, era o sinal, mais uma vez estava pronta para o que pudesse advir, durante ou após o chá das cinco.  

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Atualizado em: Dom 1 Fev 2015

Comentários  

#1 WalStone 06-02-2015 15:07
Muito, muito bom um conto incrível

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