person_outline



search
  • Contos
  • Postado em

Sophie e Joana na bela Mooca

Rua Taquari com Rua Javari. Uma enorme greve é iniciada. A Rádio e TV Rosa Branca fazem a cobertura. Placas pedem " Fora jornada 6x1 " e " Não somos máquinas " e tudo é filmado por Sophie Scholl. Joana d'Arc resolve entrevistar um dos líderes da greve:
- O que vocês pleiteiam?
- Não somos máquinas! Esta jornada é tortuosa. Temos famílias. Enviamos uma comissão para negociarmos.
- Obrigado. Tá pegando fogo aqui. É com você, Edgard Leuenroth!
- Acompanharemos a greve. Vamos em frente.
Um homem de chapéu com sobretudo preto, sapato social bem engraxado e fumando um charuto cubano, acompanha tudo do outro lado da rua. Joana pergunta para ele:
- O senhor acredita que a greve é justa?
- Este prédio é histórico e os direitos trabalhistas precisam ser respeitados.
A massa de trabalhadores tenta invadir o local e o cassetete corre solto. O homem distancia e tira uma nota de cinquenta reais dando para um morador de rua.
- Eu tenho uma enorme dívida com o passado.
- Obrigado, senhor.
Caminha pela rua e some na esquina do Bar do Giba's. Joana corre e para sua surpresa, ele desaparece do nada! Ela arregala os olhos e diz:
- Gente! Ele evaporou!
Sophie Scholl tenta acalmá-la pois Joana começa a chorar. Anoto tudo e revejo as fotos no celular. Falo:
- Olha ele aqui.
- É ele! Tentei correr e ele sumiu!
Sophie diz:
- Aqui também está registrado. Olha! Ele dando dinheiro para o senhor!
Nós arrepiamos! Será possível?
Resolvemos almoçar por lá e conversamos. O homem reaparece e Joana interrompe o almoço. Ele sorri e diz:
- Eu não durmo em paz. Peçam que devolvam a minha fábrica. O Cotonifício é meu, entenderam?
Três cartões saem do sobretudo e gelamos! Sophie arrepia:
- Conde Rodolfo Crespi? Como?
- Psiu. Silêncio! Eu quero que vocês defendam os trabalhadores e trabalhadoras. Invistam no esporte como eu fiz em favor da juventude. Eu não durmo em paz. A História me condena. Arrumem aquela creche da Marina atrás do estádio. Preciso ir. Obrigado.
Ele levanta o chapéu, cumprimenta e vai até o caixa pagando nossas contas. Joana corre e ele desaparece!
- Gente. Estamos vendo coisas. Não é possível.
No guardanapo de Sophie Scholl aparece escrito:
A Rosa Branca é resistência. Lute!
Saímos e compramos ingressos para o jogo do Juventus. Entramos e cumprimento o busto de Clovis Nori ao lado de Pelé. Sophie já encomenda cannolis e sentamos na parte coberta do estádio bem próximos à Tribuna de Honra. Joana olha para lá e ela fala:
- Olha, gente. O Conde!
O jogo começa e ouvimos:
- Eu não fui perfeito. O legado está em vossas mãos! Eu não durmo em paz! Minimizem os impactos, por favor.
Um gol do Juventus sai e a torcida pula. No setor 2, a torcida relembra com músicas os ancestrais do clube. No setor da bananeira, o público cumprimenta e na torcida adversária, só lamentos!
Uma criança de dois anos corre e se apoia em Sophie e a irmã dele em Joana e os pais dizem:
- Crianças, deixem as moças em paz.
Os avós pegam seus netos e as duas sorriem mandando beijos para elas! Sophie comenta com Joana:
- Só aqui temos esta paz para vermos netos, vovôs, vovós e toda a família.
- Não é bem assim.
O placar manual atualiza o gol feito e a pressão adversária é fortíssima. O zagueiro manda a bola lá para a Rua Javari e sai xingando. Um torcedor grita:
- O Conde tá revirando no túmulo!
O torcedor levanta e o Conde aparece ao lado de Sophie, senta, dizendo:
- Eu criei o time para lazer.
Sophie diz:
- Não foi! O senhor fez isto para desviar o foco! Por isso que o senhor não descansa em paz! Sem contar a greve, né?
- Peço desculpas! Façam melhor pelos trabalhadores e trabalhadoras. Minha consciência pesa! Não entendem?
Falo:
- Sua história jamais será apagada.
- Então, não derrubem o Cotonifício! Gol do Juventus! Aleluia! Time ruim.
Intervalo de jogo e o Conde segue na nossa cola explicando tudo. Ele reclama!
- Cadê o busto do Elias Pássaro?
- Não fizeram.
- Como desejam manter bons exemplos se não eternizam?
Joana d'Arc entrevista alguns torcedores e torcedoras. Degustamos os cannolis e saímos agradecendo o senhor Antônio. Antes, curvo-me diante de Clovis Nori. No Bar do Tustão, comemos espetos e tomamos uma cerveja.
Do outro lado da rua, um senhor de chapéu com sobretudo e sapato bem engraxado, acende um charuto cubano. Vemos e entendemos tudo! Ele dá um tchau para nós e levantamos as mãos. Caminha pela calçada da Pizzaria São Pedro dobrando a esquina à esquerda.
Sophie fala:
Prontinho! Já enviei à Redação. Enviou as gravações, Joana?
- Já. Faz tempo.
A greve continua. Pegamos o carro indo direto para a TV Rosa Branca. Há muita coisa para ser feita. Dobro a manga da camisa e apoiado por Sophie e Joana, nós trabalhamos em sintonia para mudar algumas coisas. Conseguiremos sem apoio?
Pin It
Atualizado em: Qui 8 Maio 2025

Curtir no Facebook

Autores.com.br
Curitiba - PR

webmaster@number1.com.br