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ANTIDIÁRIOS DE ABRIL VII

VII
Desfolho o caderno dos versos e dos signos desimportantes
que não têm caminho ainda. Escrevo entre as circunstâncias
inertes da pandemia, sobre a cidade sem eco dos passantes.
Resido no dia opaco que mais parece um tempo no instante
da velocidade perturbadora desse futuro doentio e faminto
dos segundos frenéticos — escapam das horas excruciantes,
entretanto são vagarosos no centro do desespero indefinido,
do vou lá na sala e do volto cá no quartinho. Teço o horizonte
fechado do sobrado. E o meu antidiário é um espólio perdido
nas guias do ontem e na lapela suja daquele poema proibido:
feito no pergaminho da manhã e na soma da ânsia e do vírus.
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Atualizado em: Ter 7 Abr 2020

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