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TRANSEUNTE
Subo na grua dos minutos e cheiro as horas de cima,
onde o ar rarefeito tropeça na nuvem quase neblina.
Sou dos entretantos e de tudo o que pode ser ainda:
o ocre transeunte no azul de metileno da noite nítida.
Vejo as armadilhas do poema. E o poder de sua isca.
Leio muitos poetas da rede reunidos na parte de cima
da minha tela sombria. Parece-me mil vozes parecidas
a fim da grande curtida e de todo o ouro de tolo da poesia.
Atravesso esse março no instante imprevisível de um susto.
Meu verso come da calçada. É um cão sem raça e sem rumo.
Atualizado em: Qui 12 Mar 2020