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O V iuvo

O banho relaxante ficou ainda mais delicioso porque agora ela tinha companhia. Sentiu duas mãos enormes abraçando-a pela cintura, e reconheceu logo que se tratava do marido, pela anatomia perfeita!

- amor! Chegou mais cedo!

- Tive que vir , antes que enlouquecesse de saudades! Gostou da surpresa?

- Muito!

Ela se virou e eles se abraçaram apaixonados. Ela acariciava os cabelos sedosos.

- Vem cá , me beija.

Pediu ele já rouco de paixão e foi prontamente atendido. Ele , entre os beijos e gemidos , mordia suavemente os lábios doces da esposa , murmurando seu nome e declarando seu amor. Procurou expressar naquele beijo que só sabia se intensificar , tudo o que sentia por ela. Correspondendo , ela beijava e mordia seu queixo.

- Você é tão lindo!

- Você me ama? Amor , diz que me ama tanto quanto eu amo você, vai!

- Claro que eu te amo! Não conseguiria viver sem seus beijos , sem seus carinhos , seu amor faz com que eu me sinta a mulher mais importante desse mundo.

- Você é a mulher mais importante desse mundo!

Enfatizou ele.

Alguns minutos depois , estavam ambos na cama , vestidos apenas com os lençóis do prazer. Seus corpos ainda entrelaçados , Eric e Justine não conseguiam parar de se beijar.

- Adorei nosso banho.

Confessou Justine sorrindo.

- Eu também coração. A gente pode repetir , sempre que quiser.

Propôs circundando os lábios macios com os dedos , que eram beijados.

- Claro que quero.

- Preciso de você. Promete que vai ficar para sempre em minha vida.

- Sim. Para sempre.

Não se dependesse de algumas pessoas.

Carla foi repreendida pela melhor amiga , pelas fotos que tinha na mão.

- Joga isso fora amiga!

- Nem pensar junia! Está louca?

- Você é que está louca! Esse homem é casado!

- O fato de ele ser casado não vai me impedir de continuar suspirando por ele , sonhando com ele. E tem mais! Só não estamos juntos ainda por causa daquela mulherzinha. Se tiver um jeito de mandar aquela lá para o espaço, pode ter certeza de que eu farei. Aí ele vai ser todo meu!

- Perdeu completamente o juízo! O que é isso?

- É paixão amiga!

- Onde conseguiu essas fotos?

- Roubei da bolsa dela.

- Se você não me der agora eu rasgo.

- E se você rasgar, eu te queimo.

Carla declarou sem pestanejar, provocando arrepios de horror em Junia, que achou melhor não arriscar, pois ela teria mesmo essa coragem.

Algumas horas depois, Eric apareceu na cozinha, com a toalha enrolada na cintura, parecendo irresistível á esposa, com o ar de sono ainda presente no rosto. Quando ele a abraçou ela questionou:

- Não vai trabalhar mais hoje?

- Não! Amor, lógico que não! Hoje o dia é só nosso!

- E quais são seus planos para esse dia tão especial?

- Além de te namorar bastante? Bem a gente pode começar fazendo aquele brigadeiro que eu adoro o que acha? Mais tarde pegamos um cineminha, e fechamos com um jantar super-romântico, que eu farei, regado a champanhe e found acompanhado de beijos como sobremesa, o que acha?

- Perfeito!

Sorrindo, ela o beijou.

- Te amo, amor.

O casal não sabia, mas aquele era o último ano em que poderiam navegar no mar de amor que tinha ondas suaves de carinho, ternura, respeito e tsunamis de desejo.

A linda história dos dois chegaria ao fim. E de forma trágica.

Justine literalmente colocara a mão na massa, mas não obtinha sucesso na tarefa.

A língua quente do marido dançava lascivamente em sua nuca , deslizando até o ombro.

Ela tentava se desvencilhar.

- Eric, desse jeito não vai dar.

- Você acha?

Foi apenas um murmúrio cínico.

- Eu tenho certeza! Não se lembra de que pediu para que eu fizesse brigadeiro? Disse que queria.

- Eu quero! Mas não mais do que quero você.

- Engraçadinho.

A graça acabou.

...

Por onde se via Carla, só à via radiante. Bateu a porta e jogou sobre o sofá, as sacolas das compras. Sorria esfuziante.

- Consegui! Eu consegui!

Júnia novamente opinou não se deixando intimidar pelo olhar de ódio.

- O fato de ter se livrado de um problema, não significa que tenha conseguido o que deseja.

- Você como sempre, tem que ser do contra, não é? Mas saiba que nem essas suas palavrinhas medíocres vão diminuir a minha felicidade.

As duas se encontraram novamente ás sete horas da noite. Quando toda perfumada, de salto alto e causando em um vestido vermelho curtíssimo, Carla sai de seu quarto.

- Vestida para matar!

Junia concluiu.

- Dessa vez se enganou. Vestida para seduzir.

- Gostaria tanto que você tivesse tirado essa idéia da cabeça!

- Nunca.

- Escuta Carla. Você não sabe o que está fazendo.

- Escuta você queridinha! Você é que não sabe o que está falando. Não vou ficar aqui e perder o meu tempo, me aborrecendo com a sua moral, santa e imaculada. Me deixa em paz! Vai sair namorar! Arrumar um cara para torrar o saco! Bem que está precisando. Só assim você me esquece.

- Como é que tem coragem de dizer coisas tão absurdas?

- Não me espere essa noite.

- Vai me deixar aqui sozinha?

Junia ficou sozinha e falando sozinha.

Eric atendeu a porta e desanimado, depositou sobre a mesa as flores que acabara de receber. Convidou a recém-chegada a entrar.

- Boa noite! Espero não estar incomodando.

- Eu já ia dormir.

- Gostou das flores?

- São muito bonitas. Obrigado.

Sem cerimônias, ela se sentou.

- Eu não sabia o que dar, então trouxe flores. E os meus amores? Onde estão?

- Dormindo.

- Estava louca para dar um abraço nos meus anjinhos.

- Fica para outra oportunidade.

- Espero que eles tenham bons sonhos. Meu maior desejo é ser mãe. Eu daria tudo para ter um bebê nos braços. Daria a vida.

- Não fala isso. Minha mulher morreu para dar a vida a esses meninos. Quando o médico disse que ela precisava escolher , salvar-se ou salvar os gêmeos , ela não hesitou em pedir que o doutor preservasse a vida das crianças. Preferiu partir. E me fez morrer junto.

- Não Eric! Você está vivo! Não percebe?

- Preferia não estar. Gostaria de estar morto! Com ela ! porque essa ausência está me destruindo! Não consigo mais viver , nem respirar , tudo que faço é pensando na minha Justine e quero a minha mulher de volta.

- Isso é impossível.

- Eu quero a minha justine de volta.

- Impossível Eric. Eu sofro tanto te vendo desse jeito!

- Olha garota! Eu te aconselho a me deixar em paz. Eu não sou uma boa companhia e sinto que a qualquer momento posso ser grosso com você e não quero que isso aconteça. Afasta-se de mim.

- Não. Eu não vou me afastar . Você precisa de ajuda. Precisa de alguém que te faça enxergar que a vida continua.

- Que seja. Mas é tarde. Vai para a casa.

Ele apontou para o relógio. As horas voaram. Eram 00:00.

- Preocupado com a minha segurança?

Perguntou sugestiva e ele não respondeu.

Depois de muito pensar , Eric acabou abrindo a boca.

- A minha sogra , ela não gosta de você. E não me agradaria que ela te visse aqui.

- Você não precisa ser assim tão sincero!

Murmurou ela , fingindo-se de magoada. O viúvo não se deixou abalar.

- Preciso sim.

- Poxa! Eu nunca fiz nada para essa mulher! Não entendo o motivo que a faz me odiar com tanta intensidade. Vou na igreja , rezar pela alma da filha dela , aproveito e peço para que algum santo tire do seu coração , essa mágoa gratuita que com certeza lhe faz muito mal. Coitadinha!

Carla tentava controlar o riso.

- Vamos mudar de assunto.

- Bem , como você quiser! Na verdade... já estou indo embora. Como disse, é muito tarde.

Ela levantou-se caminhando até a porta. Ele a seguiu, segurando em seu braço.

- Espera.

Carla voltou-se , encarando-o com uma expressão de suposta surpresa no rosto.

- O que foi?

- Me dê uns minutos. Te levo em casa. Você não tem noção de quantos bêbados vivem trançando por essas ruas à uma hora dessas.

- Está bem. Eu espero então.

Assim , Eric sumiu no corredor. Carla não conseguia enumerar o tamanho de sua frustração. Seus planos para aquela noite foram por água a baixo.

“Que droga de viúvo recalcado! Se ele pensa que vou desistir dele assim tão fácil está completamente enganado! Eu arranco aquela fantasma de seu coração é na marra!”

Pensou determinada. Sorrindo novamente quando ele voltou.

- Vamos.

Ordenou secamente e com um irresistível ar de sono.

Todo o trajeto até a casa dela foi feito em silêncio até que ao chegar ela agradeceu a carona.

- Adorei a sua sugestão. Foi uma ótima idéia. Você foi um anjo.

- Anjo. Eu ? Estou longe de me parecer com um.

- Não para mim.

Era a primeira vez que Carla o via sorrir desde o falecimento da esposa.

- Você é muito misteriosa. Não sei nada a seu respeito.

- Não sabe nada porque não quer! Minha vida é um livro aberto. Pode perguntar. O que deseja vai!

- Não! Esquece menina! Não vamos mexer com isso.

- Por que não?

Ele coçava a cabeça em sinal de inquietação.

- Essa moça que mora com você. É sua irmã?

Carla corou. Como explicar sobre junia? Não queria explicar quem ela era e o que significava. Se Eric soubesse, nunca mais ia querer olhar para a sua cara. Portanto , mais uma vez mentiu:

- Essa menina? É uma pobre coitada , que eu propus ajudar desde que os pais morreram. Não quis que ela ficasse sozinha no mundo.

- Vocês se conhecem á muito tempo?

- Sim! Desde a adolescência! Éramos vizinhas.

- Eram?

- Me mudei para outra cidade para concluir a faculdade e quando voltei , tinha acontecido esse fato desagradável. Fiquei chocada.

Quanto mais Carla falava , mais medo tinha de se enrolar toda naquela mentira.

- Bem... Obrigado pelas flores. É a primeira vez que recebo.

- Espero que tenha gostado.

- Gostei sim. Foi muito gentil de sua parte.

- Está se despedindo?

Perguntou emprestando um tom choroso á voz.

- Sim, não está na hora?

- Está.

Concordou fazendo-o acreditar que não gostava da idéia.

- Então... Durma bem.

- A gente se vê outro dia?

- Qualquer dia desses, quem sabe sim?

- Até.

- Até Carla.

Ele desceu , abriu para ela a porta do carro e ficou esperando que ela entrasse em casa para poder partir. Carla adorou.

Eric acordou no dia seguinte ás dez da manhã , com seu rotineiro mal humor matinal. Já acordava de mal com a vida. Isso era o que mais aborrecia a sua sogra. Dona Lúcia. Que não perdia a oportunidade de comentar.

- Sabe rapaz, sempre tive dificuldades em lidar com pessoas tão rudes como você. Pode até não se dar conta , mas a vida espera um sorriso seu.

- Bom dia para a senhora também. E os meninos , ainda dormindo?

- Malu está dormindo , mas Jack está lá no quarto acordado , querendo que você o levante. Está te esperando.

- Não , eu não vou fazer isso.

- Eric. Coitadinho! É só uma criança! O garoto quer que você o ame. Quer que seja seu pai.

- Dona Lucia...

Eric ia falar mas foi sufocado pela emoção que era tanta que as lágrimas não puderam mais ser seguradas.

- Ela se foi querido. Mas deixou para você esses presentes maravilhosos! Não os ignore. Por favor. Minha justine ficaria muito decepcionada com você.

- Não consigo vê-los como um presente. Só os vejo como os responsáveis pela morte da mulher da minha vida. Vejo essas crianças como responsáveis pela minha própria morte.

- Você tem consciência do que está falando?

- Tenho sim.

- Isso é uma coisa muito grave para um pai falar , meu filho. Vai lá buscar o menino. Vai lá dar um abraço nele.

- Dona Lúcia, não me force.

- Você tem que reagir querido!

- Como?

Foi um grito de dor. Dona Lúcia circundou a mesa e o abraçou. Deixando que ele chorasse copiosamente , para lavar seu coração. O choro se intensificou e durou minutos que pareciam infindáveis, mas não aliviou em nada a dor que o dilacerava á 3 anos.

No final ele acabou pegando o menino no colo , dando mamadeira e colocando-o na sala de TV para que se distraísse com desenhos animados. A criança o abraçava de tempos em tempos e isso o incomodava. O menino , inocente , não poderia desconfiar do tipo de sentimento que o pai nutria por ele. Tal fato fazia com que Eric se sentisse um monstro. Mas duvidava que um dia a situação mudasse.

Foi quando mais tarde , ajudando-o com a louça do almoço, sua sogra propôs:

- Você quer que eu pegue esses meninos e vá para longe , para que possa finalmente viver em paz? Porque estou aqui única e exclusivamente atendendo ao pedido que me fez , para que ajudasse a cuidar dessas crianças. Agora , se a convivência com os meus netos , te faz tão infeliz... Eu vou com eles para longe. É só querer.

- Pelo amor de DEUS dona Lúcia! Não me fala uma coisa dessas.

- então a partir de hoje Eric , passe a tratar esses dois como gente de verdade e principalmente como seus filhos!

Enfatizou a ultima palavra.

- dona Lúcia , eu peço que me perdoe por favor. Tenho agido feito um idiota. Eu Vou tentar remediar As coisas.

- Que bom que está disposto a fazer isso.

- Só espero que não seja tarde.

- Não será. Tenho certeza. Acredite em mim querido. Não existe na vida sentimento mais puro do que o amor de uma criança. Esses meus netos são loucos por você. Apesar desse seu distanciamento eles te consideram como um herói.

- Dona Lúcia , justine faz tanta falta!

- A mim também.

- Dói.

- Eu sei Eric. Eu sei.

- A senhora não imagina o quanto eu sofro toda noite quando eu entro naquele quarto e deito na minha cama... O lugar dela está vazio. Eu quero fazer carinho , abraçar , beijar. Fazer cafuné até ela dormir , mas ela não está lá. O que eu faço? Tenho medo de ficar louco. Juro que se eu pudesse , iria agora , correndo para me encontrar com ela.

- Meu amor... Tem que ser forte. Pelos pequenos. Eles precisam de você , mais do que tudo na vida.

Ele seguia feito um surdo. Eric não via , não ouvia , não respirava nada que não fosse relacionado à justine.

- Dona Lúcia. Será que ela sabe que eu ainda a amo?

- Olha querido, essa é uma polêmica muito grande. O meu amor pela minha filha não me faz acreditar em vida após a morte.

Carla e junia trombaram no corredor.

- Bom dia.

Cumprimentou junia.

- Só se for para Você.

Disparou Carla.

- Pelo visto seus planos não foram bem sucedidos.

- Muito pelo contrario.

- Que pena!

Junia proferiu sem disfarçar seus verdadeiros sentimentos.

- Escuta aqui sua cretina, eu sei bem que está torcendo contra a minha felicidade.

- Eu posso te garantir que você não vai ter sucesso naquilo  que vem desejando.

- Eu nunca joguei para perder. E nesse jogo , já dei um grande passo.

- Mas não dá para contar só com isso.

- Agora Você tem razão. Principalmente porque o meu viúvo perfeito começou a me questionar sobre questões muito pessoais.

- Está preocupada?

- Não era para estar? Pensa bem! Eric quis saber quem era você.

- E você falou ?

- Claro que não! Como é que me faz uma pergunta idiota dessas? Eu falei que você era uma amiga que eu conhecia desde a adolescência , que éramos vizinhas e que eu resolvi te ajudar depois que seus pais morreram , te chamando para morar comigo.

- Não acredito que teve coragem de inventar um absurdo desses.

- Eu não posso imaginar o que aconteceria se tivesse que contar a verdade. A minha verdade .  Aliás, sei sim. Meu viuvinho perfeito iria fugir de mim. Nem preciso pedir que confirme essa história assim que ele te perguntar. Não é? Lógico que não preciso pedir. Você já me conhece.

Para se fazer entender , Carla tirou do bolso um isqueiro. A peça era como um amuleto. Cor de rosa com bordas douradas era o Seu objeto favorito. Deslizou suavemente os dedos sobre o mesmo para logo em seguida começar a acender e apaga-lo sucessivamente bem em frente ao rosto da amiga. Que estremeceu , tentava se esquivar do fogo desesperadamente. Uma angustia gigantesca tomou conta de todo o seu ser e ameaçou sufoca-la. Junia rezava para que Carla não percebesse.

- Vou fazer nosso café.

- Boa menina! Sabia que adoro você?

Só quando se afastaram , foi que junia conseguiu respirar aliviada. O que mais temia na vida era morrer na mão de Carla.

O humor da jovem mudou completamente alguns instantes depois , assustando Junia ainda mais.

- Por que não dá uma volta comigo no shopping mais tarde?

- Shopping Carla? Você não sai de lá!

- Um programinha diferente talvez... Cinema ou quem sabe não vamos no clube? Pegar uma sauna.

- Sauna... Até que não é má idéia. Eu gostei.

- Então vamos?

- Vamos!

- Combinado assim. Vou dar uma saidinha rápida e lá para duas horas da tarde a gente pega a estrada.

- Não , eu não quero sair da cidade. Quero ficar por aqui mesmo.

- Com medo? Com medo de que?

- Eu não estou com medo!

- Está sim! Não vai te acontecer nada! Você sabe o quanto eu te adoro! Só estou te propondo divertimento sua boba! Adrenalina! Quanto tempo tem que você não sente aquele ventinho gostoso batendo no rosto, enquanto sua amiga aqui corta a avenida á mil por hora?

- Nunca gostei de adrenalina! Prefiro a tranqüilidade.

- É por isso que é assim tão boba! Não vive! Não curte nada! Pois acredite em mim ju! Se descobrir o prazer do perigo, não vai mais querer viver longe dele.

A semelhança entre malu e a mãe falecida era cada dia mais intensa e impressionava o pai. E não se falava apenas em semelhança física. A pequena também herdara toda a personalidade de justine. Era doce, carinhosa , sensível , até a saúde um pouco debilitada malu também tinha. Mas o que mais se destacava era a semelhante dificuldade em aceitar um não. Antes de aceitá-lo, esse tinha que ser muito bem explicado. Surpreendeu Eric com seu pedido , dentro de seu limitado vocabulário:

- Papinho , quero tomar surverte com a moça bunita.

- Você quer tomar sorvete? É isso o que o papai ouviu?

- Humhum.

- Mas com quem que você quer tomar filha? Com papai , vovó e seu irmãozinho, não é?

- Não papinho! Com a moça bunita!

- Quem é essa filha? Papai não sabe de quem você está falando.

- Aquela que me deu boneca.

Apesar de desconfiado , ele não gostou de ouvir a resposta. Seu coração batia a mil por hora. Era Carla.

- Não. Você não vai tomar sorvete com ela.

Malu imediatamente começou a chorar e ele não tinha a menor idéia de como proceder. Distante dos filhos , nunca passara por uma situação como aquela. Não sabia lidar com choro de crianças, muito menos com o de uma menina.

- Por que não papinho? Você é muito mal.

- Não. Eu não sou mal. Sou seu pai, eu tenho o direito de negar , e você tem que me obedecer.

Sentando-se no colo dele , ela pendurou no seu pescoço.

- Mas ela gosta de mim! Você não gosta!

As mãozinhas delicadas faziam carinho em seus cabelos. Lembrando-o de que justine era adepta desse gesto.  Sem que pudesse evitar , lagrimas rolaram pelo seu rosto.

- Nisso você tem razão. Papai não gosta de você . Papai te ama! E é por isso que não posso deixar que faça o que está querendo no momento , está bem filhinha? Não pode.

- Mas porque não pode papai.?

- ô meu amor! Quanta dificuldade! Já é a terceira vez que me pergunta isso.

- Mas você não explica!

Ele se assustou e ficou constrangido ao mesmo tempo. Como ela era inteligente! E determinada! Eric se sentia um bobo diante da filha.

- A vovó vai chorar se papai deixar você sair com aquela moça.

- Por quê? Ela é ruim?

- Não sei meu anjo. Mas vovó vai ficar muito triste. Você não quer que ela chore. Quer?

- Não papinho.

- Pois então... Esquece essa idéia. Pede outra coisa.

- Eu não quero outra coisa.

- Tudo bem ! Vai brincar com o seu irmãozinho.

A ordem saiu seca e dura. Dura demais para uma criança de três anos. Ele se considerava um covarde por tratar seus filhos daquela forma. Os pequenos com certeza não entendiam nada.

Eric resolveu lutar para se livrar do sentimento que tinha por aqueles meninos. Tudo o que  conseguia enxergar quando os encarava , era a dor até o momento vivida pelo falecimento da esposa, dor essa que com o passar dos anos só fazia aumentar. Outro fato que o incomodava: a solidão.

A solidão começava a pesar , apesar de que Eric não considerava a possibilidade de se relacionar amorosamente com alguém. Os poucos amigos que tinha moravam longe e ele não queria nada tão impessoal quanto se comunicar com eles pela internet via MSN, coisa e tal.

Ele buscava algo diferente.

Os bares que existiam na cidade não o atraiam. Os pontos históricos ele já conhecia todos. De ponta á cabeça, do lado avesso. Impensável voltar àqueles lugares sem justine e ter que suportar a dor que aquelas lembranças lhe provocariam.

Já passava da hora de mudar a situação. Já estava na hora de retomar a sua vida social, porém sozinho.

Na contramão de deu dia a dia estava Carla que era figurinha carimbada em todas as baladas. Por onde quer que passasse , causava , arrasando com seu visual sempre moderno, modelito fashion e super provocante. Era referencia em sedução e sociabilidade.

Dentre seus programas favoritos estava à visita á exposições de arte e museus. A cultura da região era muito rica , e ela a apreciava com prazer , mas prazer mesmo ela sentia ao fazer planos para sua vida com o homem que amava. Ela imaginava um paraíso para os dois.

Dona Lúcia Circundou a paróquia , estranhando a casa de DEUS estar fechada à uma hora daquelas. Terminando de rezar seu terço , ela redobrou os pedidos. Guardou a peça religiosa dentro de sua bolsa e esfregou as mãos tremulas , umas nas outras.

Tão distraída estava que não prestou a atenção na  vizinha , dona Lurdes Maria que se encontrava sentada nas escadas do mesmo local. Sua voz a assustou ao informar:

- Padre bento viajou.

- Oh ! Bom dia dona Lurdes. E o padre Jonas? Por que não o substituiu?

- Pegou dengue minha filha!

- Nossa senhora!

Dona Lurdes Maria , tentou iniciar um papo , animada. Mas seu animo cessou diante do choro da amiga Lúcia.

- Que bom que eu te vi aqui menina! Temos que marcar um dia para discutirmos os últimos detalhes da nossa quermesse!

- Hoje não. Outra hora a gente vê isso.

- Amiga! O que aconteceu? Está chorando?

- Estou , estou chorando sim!

Confirmou dona Lúcia carrancuda.

- Mas não fica assim! Senta aqui e conversa comigo!

Como a outra continuava no mesmo lugar , dona Lurdes Maria se aproximou tirando um lenço do bolso e oferecendo a quem tanto precisava de consolo naquele momento. E dona Lúcia continuava debulhando em lagrimas , despertando a curiosidade da vizinha. Quando finalmente falou , sua voz saiu cortada por soluços.

- Preciso me confessar urgentemente. Vou até a casa do padre Jonas. Se ele não puder me atender... Vou procurar a paróquia de serra verde.

Serra verde era o município da cidade e ficava a vinte minutos dali.

- Não! Não precisa se arrancar até serra verde! Desabafa comigo!

- Nó! Eu não posso.

- É tão grave assim?

- Estou em falha com meu genro , com os meus netos e principalmente com o grande amor da minha vida , minha filha justine.

- Por quê?

- Não posso falar. Me desculpe. Só falo em confissão. Preciso conseguir o perdão de DEUS. O do meu genro eu não consigo mais.

- Minha nossa senhora! Não vai me dizer que cometeu um crime!

Dramatizou a outra.

- Cometi sim! O crime de trair meu genro que tanto confia em mim! O crime de expor aquele menino ao perigo! Ele que foi um anjo para a minha filha! O problema é que eu não tenho forças para impedir o sofrimento que ele vai passar.

- Meu DEUS! Estou começando a ficar com medo.

Muito assustada , malu chorava sentada em um canto do sofá. Seu irmão sentou-se ao seu lado , tentando consola-la.

- O que aconteceu malu? Chora não maninha!

- A vovó. Vovó morreu! Como nossa mamãe.

-Não não. Papai falou que ela só sumiu.

-A vovó não gosta mais da gente?

- Não. A moça bonita falou que a vovó vai levar a gente para morar com a mamãe.

- oba! Eu quero morar com a minha mãe!

- Você é bobona!

- Não sou não.

- A moça bonita falou que a mamãe não está no céu . Ela mora em outro lugar,lá em baixo , muito baixão e só as pessoas más como a mamãe é que moram lá.

- Não é verdade!

Malu protestou em gritos . O pai apareceu na sala.

- Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui?

- A malu está chorando atoa papai.

-Não é verdade papinho! O Jack está falando mentira.

Chateado, Eric limpou as mãos sujas de farinha no avental precário e pegou a filha no colo.

- Jack! Deixa a sua irmã em paz! Quantas vezes o papai vai ter que falar que não se pode mentir? Desse jeito não dá para ser feliz. Eu estou sozinho com vocês dois aqui, não tenho a menor idéia de como se cuida de criança, ainda mais quando são pirralhas como vocês,sua avó não aparece e tenho que fazer o jantar para a gente não morrer de fome, então agradeceria se não atormentassem  a minha vida e pudessem colaborar. O que acham?

Para a surpresa de Eric , Jack não ficou calado.

- Mas você não é nosso pai? Como é que não sabe cuidar da gente?

Depois de algumas horas, Eric caiu rendido sobre a poltrona. De repente, inexplicavelmente sentiu uma forte vontade de falar com Carla, ouvir sua voz. Talvez fosse a ilusão de que ela o ajudaria a resolver o problema com os filhos. Talvez fosse pelo quanto a sua personalidade o intrigava, ou então talvez simplesmente porque não conseguia tirar aquele nome de seu pensamento.

Espantado e aborrecido por estar traindo Justine, pensando em outra, ele só queria dormir, sonhar com seu amor e esquecer que aquele dia existiu. Esperava principalmente conseguir esquecer o nome de Carla. Aquela mulher parecia ser bem perigosa.

Na manhã seguinte a conversa  tensa foi durante o café da manhã. Dona Lúcia, constrangida, mantinha as duas mãos sobre o colo e cabeça baixa. Eric apertava os lábios tentando conter o nervosismo, e rezando para que sua voz não saísse tão dura ao se dirigir a ela.

- Dona Lúcia, pelo amor de Deus! A senhora me diga o que aconteceu! Por que desapareceu desse jeito?

- Meu filho, eu estava precisando de um tempo a sós. Se eu ficasse aqui, poderia até cometer uma loucura. Fui procurar o padre. Precisava me confessar.

- Fiquei tão preocupado com o sumiço da senhora que chamei a policia! Os meninos ficaram apavorados! A pequenininha jurou que a senhora tinha morrido. Como a mãe dela.

- Coitadinha! Vou conversar com ela depois. Eu amo essas crianças. Perdoe-me pelo transtorno que causei.

- Se a senhora estava se sentindo mal eu...

- E seu dia? Como foi?

- Péssimo! Tudo o que a senhora imaginar de ruim.

- Mas por quê?

- Essas crianças me atormentaram o dia inteiro. Brigaram e até cobraram de mim, o meu papel como pai. Como se fossem adultos e entendessem de alguma coisa.

- Eles entendem.

- Como é possível?

- Você que realmente meu genro, não entende nada de crianças.

- Posso até ter uma ideia, afinal de contas, eu sou pai. Não?

- Pois é!

- Mas o que eu não gosto é que eles fiquem me desafiando como fizeram ontem. Eu não entendo e não aceito isso. Acabaram de nascer. Ainda usam fraldas e metidos desse jeito! Pobre de mim quando forem adolescentes.

- Não fala isso!

Dona Lúcia começava a perder a calma.

- A verdade dona Lúcia, é que seria um sonho se eu pudesse me ver livre dos dois. Eu não consigo aceitar os gêmeos. Não adianta ser hipócrita negando. A convivência com eles é insuportável e faz com que eu me sinta cada dia mais deprimido. Minha vontade mesmo é estar bem longe deles.

- Cruzes! Você está precisando se benzer! Como é que pode falar assim de dois anjinhos inocentes como os seus filhos?

- Eles são inocentes, mas mataram a minha mulher! Destruiram a minha vida.

- isso não é verdade!

- Como não?

- Um dia você ainda vai se arrepender.

- Eu não acho Dona Lúcia, mas gostaria de encerrar o assunto.

- Como achar melhor meu filho. Como achar melhor.

Ela levantou-se da mesa alterada. Foi nesse momento que a campainha tocou. A senhora foi atender e assim que viu de quem se tratava, logo bateu com a porta na cara da visitante.

- Quem é Dona Lúcia?

- Ninguém.

Resposta falsa. Um gemido chamou a atenção de Eric que abriu a porta e do outro lado, encontrou Carla, com o nariz sangrando e a blusa branca toda manchada. Que prejuízo!  Que episódio infeliz. Imediatamente ele se prontificou a ajuda-la. E segurando em sua cintura a conduziu até a sala da casa.

Estava desnorteado. Não sabia o que fazer o que dizer.

- Meu nariz! Sua sogra! Quebrou meu nariz.

Eric começou a tremer ao perceber que o rosto angelical ficava cada vez mais pálido.

- Dona Lúcia! Dessa vez a senhora ultrapassou todos os limites.

- Você acha filho? Pois eu te digo que ainda não porque é isso que dá se meter onde não é chamada.

- Eu não sei por que a senhora me odeia tanto! A Justine não se parecia nada com você porque ela era um anjo.

- Não ouse falar o nome da minha filha novamente ou então vai sair daqui pior do está.

- Dona Lúcia! Já basta! Quer chamar a atenção das crianças? Me ajuda com Carla!

- Não! A visita é para você e eu já disse que ela não é bem vinda aqui. Então... Vou ler minha foto novela.

Ele soltou um riso nervoso. A sogra desapareceu. Eric agora estava sozinho com a visita.

- Meu Deus! Esse sangue que não pára! E eu não sei o que fazer! Daqui a pouco as crianças acordam e...

- Calma! Eu vou ficar bem.

Proferiu Carla num sussurro.

- Me desculpe, mas eu não tenho certeza disso! Parece que está tendo uma hemorragia.

O viúvo a sentou em um divã no canto da ampla sala, Ajudava-a a manter a cabeça inclinada no intuito de que o sangue parasse de escorrer , mas não era o que acontecia.

- Vou te levar para o hospital

No caminho ela lamentava.

- Nosso café! Ela estragou o nosso café da manhã.

- Como?

- Passei na confeitaria e comprei uma cesta completa para o nosso café. Vinho, pães , geleia , tudo o que você mais gosta! E não deu para a gente aproveitar, que pena!

- Carla, eu... Já tinha tomado o café... Antes de você chegar lá.

- Mas você não ia fazer a desfeita de rejeitar o meu presente. Ia?

- Nunca.

Ele evitava seu olhar pelo retrovisor.

- Tem certeza?

- Porque a pergunta?

- Você demorou muito a responder.

- Estou concentrado no trânsito.

- Sabe, Eric... Cheguei à conclusão de que sua sogra pode me odiar, é verdade, mas você também não gosta de mim.

- O que a faz pensar uma loucura dessas?

- É que você é sempre tão frio comigo!

- Carla, ouça. Não me leve a mal. É que apenas não sei lidar com mulheres como você.

- Mulheres como eu? Não entendi. Será que poderia ser mais claro? Por favor?

- Muito dinâmica.

- Não acho que seja isso!

- Qual a sua opinião?

- Parece que perdeu o jeito com o sexo feminino e não quer admitir.

- Não é verdade!

- Quero ver.

Ela desafiou.

- Como?

- Me mostra que não é verdade o que eu falei.

- Não me interessa mostrar nada. Tudo que eu quero agora é chegar nesse hospital o mais rápido possível. E em silêncio. Pode ser?

- Tudo como quiser.

Ao chegar em casa, ela se atirou no sofá.

- Pela hora, vejo que esse café da manhã foi um sucesso! Já são duas da tarde.

- Engano seu.

- Por quê? O que aconteceu?

- Aquela bruxa velha está pedindo para morrer! Se as coisas continuarem como estão, logo logo ela vai fazer uma visitinha para filhinha querida. O que acha?

- Eu não acho nada.

- Ela bateu com a porta no meu nariz e não teve café da manhã.

- Sinto muito!

- O meu viuvinho perfeito me levou no hospital.

- Nossa você está horrível! Como ficou roxo! Está inchado! Já olhou no espelho?

- Não! Não precisa! E roxa vai ficar é a sua língua quando eu apertar esse seu pescoço até faltar o ar. Sua perua! Cala a boca!

- Então quer dizer que é desse jeito que você fala que gosta de mim.

- Você me conhece! Não devia ficar me provocando.

- Esquece esse incidente. Tenho certeza de que vai acabar usando isso a seu favor e acabar conseguindo tirar algo bom dessa história.

- Você tem razão! Boa! Agora acertou julinha! Gostei de ver!

- Seu viuvinho perfeito ficou preocupado com você?

- E como! Ele bem que não consegue mais disfarçar que está louquinho por mim. Só não estamos juntos porque o Eric tem medo de trair a esposa morta ficando com outra mulher. Mas eu vou fazer com que o meu viuvinho tire essa ideia da cabeça. Você vai ver. Dentre muito em breve... Vamos estar juntos.

Enquanto isso, na casa do viúvo...

Eric bate á porta do quarto de sua sogra e entra após o convite.

- Dona Lúcia, será que a senhora poderia me fazer o favor de dar uma voltinha com os gêmeos? Estou precisando ficar um pouco sozinho.

- Como sempre, não é meu filho?

- Impressionante. Sempre me alfinetando, Indo contra as minhas opiniões e decisões. Será que nosso relacionamento não vai ser mais o mesmo? Desde a morte de Justine, não somos mais amigos. Será que a senhora acha que não fui um bom marido para a sua filha?

- Nada disso Eric! Isso nunca me passou pela cabeça. Tudo em Justine denunciava o quanto ela era feliz por estarem juntos! Esse matrimônio foi a melhor coisa que aconteceu na vida dela.

- Então o que é que te incomoda?

- Preciso mesmo dizer? Não vai se cansar de ouvir que eu odeio o modo em que insiste em tratar essas crianças? Eu não aceito a possibilidade de um pai não amar os filhos. Isso é muito cruel.

- É cruel. Mas quem sabe um dia mude?

- Tomara. Eu, para te dizer com honestidade, não tenho mais esperanças, pois você vive dizendo que vai se esforçar para aceitar as crianças e não vejo um movimento seu para que isso aconteça.

- Dona Lúcia, conversaremos sobre isso depois. Agora eu preciso saber. A senhora vai ou não vai passear com eles?

- Por que a pressa meu anjo?

- Pressa? Não, não tenho pressa. É que... Faz o seguinte: a senhora sai com eles, eu aproveito e dou uma faxina e amanhã eu levo os pequenos no shopping. Não é bom deixar os dois só trancados em casa.

- Tem razão.

- Então...

Dona Lúcia observava o jeito em que ele alisava o queixo enquanto esperava a resposta. Claro que a faxina era uma desculpa. Mesmo assim ela resolveu ceder.

- Vou dar um banho nos dois então. Saímos em meia hora.

- Obrigado.

O agradecimento saiu acompanhado de um sorriso. Sorriso discreto. Talvez a sogra não tenha percebido.

Sozinho, andava pela casa. Relaxado, mãos na cabeça, apenas de shorts. O calor estava de matar.

Quando passava pela sala para ir até a cozinha a fim de tomar um copo gelado de agua, foi que viu a tal cesta de café da manhã a qual Carla havia se referido. Tinha uma embalagem linda, muito bem elaborada. Ela era enorme e estava lotada até a boca com tudo o que ele mais gostava. Deu outro sorriso. Sorriso satisfeito. Agora sim podia sorrir abertamente. Carla conseguiu surpreendê-lo colocando ali dentro todos os seus produtos prediletos, além de ter acrescentado um toque feminino. Estava impressionado. Mas nada que o impressionasse mais do que um item adicionado á cesta. Não era comestível. E estava ali com o único e exclusivo intuito de reavivar instintos selvagens. Instintos tipicamente masculinos, despertados pela ousadia de uma mulher. Entre queijos, vinhos, pétalas de flores secas, bombons e etc, se encontrava uma liga de renda preta e muito fina. A qual ele conseguia muito bem visualizar, adornando as pernas tentadoras, a mesma que também visualizava deslizando sobre as mesmas enquanto as enchia de beijos. Eric bem que tentava, mas não conseguia se ver livre daquele tipo de pensamento. As palavras que ela usara no carro não saiam de sua cabeça. Ele foi desafiado e queria cumprir aquele desafio.

“Preciso agradecer esse presente tão delicioso”!

Agradecer era apenas um pretexto para sentir novamente aquele perfume, para ouvir novamente a voz aveludada. Não aguentaria mais um minuto sequer sem vê-la. Sem falar com ela. Acreditava que poderia ter sido vitima de algum tipo de feitiço, mas se fosse não se importava. Na verdade, para ele só existia essa explicação para que colocasse o desejo por Carla acima do que Justine significava e tudo o que viveram. Ela o Recebeu com surpresa.

- Eric!

- Olá!

- Meu Deus! Que surpresa boa! Entra!

E foi logo o puxando pela mão. Ele se sentou no sofá.

- Ocupada?

- Não!

- Eu espero não estar te atrapalhando.

- De maneira alguma! Imagina!

- Uma gracinha esse seu apartamento.

- Obrigada!

- Me desculpe aparecer assim, de repente e sem ser convidado, mas é que...

- Não precisa pedir desculpas, a casa é sua e será sempre muito bem vindo.

- Que bom então. Eu... Vim saber se você está melhor.

- Um pouquinho!

- Vem tomando direitinho todos os remédios que o médico receitou?

- Sim. Como uma boa menina.

- Se sente bem, por exemplo, para irmos jantar?

- Jantar?

- Gostaria de te pedir perdão pelo comportamento deplorável da minha sogra e de quebra, te recompensar com o jantar, aquele café da manhã que a gente não teve.

- Está falando sério?

- Sim, mas se você não quiser...

- Claro que eu quero!

- Está sozinha?

- Sim.

- E sua amiga?

- Trabalhando.

-Pensei que de repente ela também poderia ir junto.

- Não! Que pena! Ela trabalha fora. Quinta e sexta eu fico jogada nesse apartamento.

E fez biquinho. Eric sorriu.

- Carente?

Perguntou em expectativa, louco para ouvir um sim e se odiando por isso.

- Estou. Muito.

- Posso te ajudar a resolver essa situação.

- Mesmo?

Gracejou. Eric sinalizou para que ela chegasse perto. A anfitriã sentou-se no braço do sofá e foi puxada para o seu colo. Ela emitiu um gritinho de surpresa.

- Esse seu perfume...

- O que tem meu perfume?

- Por que ele me deixa assim tão louco? Ele é delicioso!

-É de sândalo e baunilha! Inocenza! O meu favorito!

- O meu também!

- Que bom saber disso. Agora vou usar sempre que estiver com você.

- Por quê? Quer me fazer perder a cabeça por completo garota?

- Isso pode acontecer?

- Adivinha.

- Como é que eu vou adivinhar?

Ela provocou.

- Assim.

O beijo serviu para cravar de vez e para sempre, a marca de Eric no coração de Carla.

Para ele, significou o fim da tortura a que ele mesmo se impusera. A repressão daquele desejo avassalador. Não adiantava mais negar, não adiantava mais fechar os olhos para o fato de que a desejava loucamente e queria tudo. Tudo com ela, que protestou quando seus lábios se separaram.

- Espera Carla.

- O que foi Eric? Por que fez isso? Estava tão bom!

- Olha, na verdade... Preciso te devolver uma coisa.

E tirou do bolso a liga, colocando-a em sua mão. Constrangido e vermelho feito um pimentão.

- Mas é sua.

- Não posso ficar com isso.

- É uma lembrança minha. Para quando você se deitar e se estiver se sentindo sozinho...

- Carla pare!

- É para as noites que a gente não puder passar juntos.

- Garota, por que diz essas coisas?

- Porque eu estou apaixonada por você. Porque eu descobri que você é o homem da minha vida. Fica comigo Eric! Fica por favor!

- Eu não posso.

- Por que não?

- Não é justo eu... Não te amo.

- Mas eu amo você. Eu tenho amor para nós dois.

- Não quero fazer ninguém sofrer. E depois, eu estou sendo um canalha! Como é que eu fui capaz de tocar outra mulher? Como é que eu fui capaz de te desejar como um louco e trair a JUSTINE desse jeito?

- Você não está traindo ninguém Eric! Pare com isso!

- É melhor parar você Carla! A Justine é a mulher da minha vida! Ela não merecia o que eu acabei de fazer.

- Meu Deus você precisa parar de falar como se ela ainda estivesse entre nós quando na verdade a JUSTINE morreu Eric! Ela está morta!

- Não!

- Está sim! Ela está morta.

- Não! Não! Não!

Ele saiu gritando transtornado. Ignorando o elevador, desceu as escadas de dois em dois degraus, cego pela dor que as palavras de Carla lhe provocaram , não sabia onde ir. Desceu e ficou andando pelas calçadas de um lado para o outro até atravessar a rua. Deu a volta em uma praça e sentou-se em um dos bancos. No banco ao lado havia um casal de namorados. Eles trocavam beijos e juras de amor. Soltavam gargalhadas que para ele , que não queria mais nada a não ser estar ao lado da mulher que amava , soavam como graves ofensas. Eric então resolveu se levantar. A alegria do casal o incomodava, pois ele nunca mais poderia ter nos braços aquele anjinho ao qual jurara amor eterno, um anjinho que agora, ele imaginava estar lá no céu. Distante, mas com o brilho com o qual sempre o encantara, e castigando-o com a saudade.

Andou, andou e sem se dar conta de para onde ia, até perceber que estava parado em frente ao cemitério. Pela primeira vez dentre aqueles anos, os piores de sua vida, ele punha os pés ali. Andando por aquelas alamedas longas, procurava pelo túmulo de JUSTINE. Eric sentia náuseas e intensos arrepios. Em seus pensamentos, só a vontade de estar ali também dormindo com a sua amada, como Romeu e Julieta, como Bone e clayde. Mas ele estava vivo. Ela, morta. JUSTINE se foi e o deixou.

Ao encontrar a lápide com o seu nome, ajoelhou-se ao lado dela, encontrou uma flor e depositou sobre o local onde descansava a esposa. Pôr-se a conversar com ela.

- Justi, meu amor! Me perdoa ! Eu não queria ter feito aquilo! Não liga não, aquela mulher não significa nada para mim. Aquele beijo... Foi... Foi um impulso! Estou muito arrependido meu amor! Me perdoa! Juro que eu não gostaria de ter te machucado tanto! Você deve estar me odiando, não é? Eu mereço! Mas a única coisa que eu continuo sentindo é muito amor por você. O amor que sempre senti. Ele só aumenta! Cada dia mais. Eu queria estar aí, ao seu lado. Me diz o que eu preciso fazer para ficarmos juntos para sempre e eu farei justi , é só você falar.

Quando chegou em casa já havia anoitecido. Tão exausto estava que nem tomou banho.

Deitou direto na cama e só acordou ás onze do dia seguinte com os filhos pulando em cima de si, e fazendo a maior bagunça.

- Ei, o que vocês fazem aqui?

- Tá na hora papinho!

Malu como sempre, muito expansiva, falou primeiro.

- Está na hora de quê?

- De levar a gente na piscina!

Completou o irmão.

De mau humor ele lembrou que todo dia dez horas da manhã levava os gêmeos para aulas de natação. Não estava com a menor vontade de se levantar, dar bom dia ao mundo e principalmente olhar para a cara da sogra.

Seu celular tocou. E o aparelho registrava que aquela ligação era a 13ª de Carla. Ele corou. Resolveu enfrentar os problemas que tinha na vida. Mas com vontade de desistir de tudo. Sem JUSTINE ele jamais seria o mesmo.

Dona Lúcia interrompeu a leitura de sua fotonovela para atender ao telefone. E não se surpreendeu com a voz que ouviu do outro lado da linha, saudando-a.

- Bom dia dona Lúcia, passou bem à noite?

- Eu não acho que isso seja de seu interesse.

- Todas as pessoas que cercam o homem da minha vida são de meu interesse dona Lúcia. Bem, eu tive uma excelente noite graças ao seu genrinho.

- O que quer dizer com isso?

- Seria melhor eu poupar à senhora dos detalhes. Agora eu gostaria de falar com Eric, é possível?

- Não. Eric ainda não se levantou.

- Acorda ele.

- Mas jamais eu vou importunar o meu genro por causa de uma fulaninha da sua laia, está me entendendo?

- Entendi perfeitamente apesar de quê não acho que seja nada bom. É , que pena! Parece que logo vai poder dar um beijinho na sua filha, se continuar agindo assim. bem , talvez seja até bom, porque parece que está com muitas saudades , não é mesmo? Então seria até um favor se eu lhe proporcionasse essa viagem. Ou estou enganada? Pode me corrigir!

Dona Lúcia começou a tremer. Gaguejou:

- O que quer que eu faça?

- Acorda o Eric para eu poder falar com ele agora e não se meta mais no meu caminho! Porque eu vou destruir você e esses pirralhos para poder viver em paz com o meu amor. Não vejo a hora de me livrar de vocês! Anda rápido. Vai chamar o Eric! Ainda não conseguiu me ouvir direito?

- Ouvi! Ouvi sim! Espera só um minuto. Vou ver se ele pode atender.

- Claro que ele pode!

Algumas horas depois...

- Boa tarde. Você deve ser a Júnia.

- Sou eu sim. Você é o Eric?

Ela o reconheceu pelas fotos que Carla roubou da falecida.

- Eric Ruez. Prazer. Sua amiga está?

- Acabou de sair!

- Que pena!

- Mas ela não demora! Você veio á pé?

- Vim. Gosto de caminhar a essa hora.

- Você não cruzou com ela?

- Não.

- Senta aí. Espera um pouquinho!

- Será que não demora mesmo?

- Fica tranquilo. Não. Carla só foi até a padaria e aproveitou para comprar comida para o nosso peixe.

- Vocês tem um peixe?

E Eric corria os olhos pelo ambiente, tentando visualizar o anfíbio.

- Ele está ficando na lavanderia por enquanto. É que o seu aquário quebrou com o último tremor de terra que a gente teve e está dentro da maquina de lavar agora. Infelizmente.

- Um peixe? Dentro da máquina de lavar?

- Sim. Mas a gente não usava ela faz tempo. Quebrou.

- Ah! Bem! Será que posso ver?

- Vamos lá.

Eric queria conhecer um pouco mais a fundo o mundo e o dia a dia de Carla. Tentando assim quebrar um pouco daquele mistério que a cercava.

E de cara teve uma surpresa.

- Uma piranha!

- Essa é Lola, nossa mascote!

- Mas esse peixe é perigoso!

- Carla adora fugir ao convencional. Só gosta do diferente.

- É! Parece que sim. Você é muito simpática. Gostei de ti.

Sorriu.

- Obrigada. Gostei de você também. Muito gentil. Agora eu sei porque ela é capaz de fazer qualquer loucura para que fiquem juntos.

- Como assim? Qualquer loucura?

- Nada não. Esquece. Acho que não deveria ter dito isso.

- Dito o quê?

Carla questionou assim que entrou na lavanderia.

- Eu não disse nada! Estava apenas apresentando a nossa Lola para o Eric.

- Oi Eric.

Ela o beijou.

- Oi.

- E aí? Gostou do nosso peixinho?

- Para falar a verdade, não me simpatizei muito com ele não, mas eu não estou aqui para falarmos disso. Podemos conversar?

- Claro! E a sós. Não é Júnia?

- Podem ficar á vontade! Vou fazer uma visitinha para o meu namorado. Boa tarde para vocês dois.

- Igualmente querida.

E Carla a empurrou até a porta, trancando-a em seguida para apertar-se nos braços fortes.

- Enfim...

Carla, irremediavelmente apaixonada começou a proferir a clássica frase.

- Só eu e você.

Eric completou, fixando o olhar no dela, acariciando seu rosto aveludado, para deslizar os dedos até o queixo e depois contornar os lábios com o polegar. Carla o mordia levemente. Eles sorriam. Hipnotizados, conscientes apenas daquele magnetismo que os unia naquele momento.

- Eric, eu estava tão...

- Não fala nada agora. Só me beija.

Foi o que Carla fez imediatamente, procurando deixar claro o quanto o desejava e que Eric poderia fazer o que quisesse, o quanto quisesse.

E o viúvo entendeu bem a mensagem. Tão bem que suas mãos enormes e ávidas foram parar em baixo da regata extremamente sexy. Os dedos arranhavam levemente o abdômen perfeito, arrancando suspiros e gemidos. Rapidamente foram acariciar o tecido de renda do sutiã. A respiração da anfitriã estava cada vez mais alterada, sem que se pudesse fazer nada para evitar. O beijo, longo, voraz e ininterrupto era alternado por mordidas que iam de leves a selvagens.

Algum tempo depois ela procurou saber:

- Eric, aquele dia... O que aconteceu? Estava tão bom!

- E eu... Mais uma vez estraguei tudo! Não é? Eu vim pedir desculpas. Sei que já deve estar cansada de ouvir isso, mas eu sou um burro, um completo idiota.

- Não fale assim! Não é verdade!

- Se lembra de que eu estou te devendo um jantar?

- Sim. E eu vou cobrar.

- Pode ser hoje à noite? Eu estou louco para jantarmos juntos. Apesar de que para ser honesto eu não ia vir. Mas a minha sogra...

- O que tem a dona Lúcia?

- Ela me disse que você me ligou e me convenceu a vir até aqui. Ela me fez enxergar que não era justo ignorar suas ligações, te deixar esperando e ainda por cima sem explicações. Não sei o que você viu em um cara tão complicado quanto eu.

- Esquece Eric! Você não vê que o destino quer que a gente seja o casal mais feliz do mundo?

- Quer?

Questionou disperso.

- Sim. Claro! Até a sua sogra já viu que a gente tem que ficar junto! Só falta você.

- Talvez... Não falte mais.

Sussurrou para em seguida puxar o corpo macio e irresistível junto ao seu e cobrir a boca feminina com a sua sedenta de mais beijo e do veneno que ela liberava o qual era quase letal e o qual Eric não conseguia e nem queria escapar.

Não tinha dúvida de que a química existia. Não tinha dúvidas de que seus corpos se atraíam feito imã, aquilo era novo para o viúvo que sentia um redemoinho de emoções dentro de si. O fato inegável era que ele a desejava cada vez mais, mas a mantinha longe de seu coração. De repente tudo mudou. O cheiro , a textura da pele, do cabelo , o gosto do beijo. Afastando-se com o coração batendo na garganta , Eric abriu os olhos. Ficou pálido.

- Que foi agora meu amor?

Carla murmurou.

- Justine!

- Eric! Não! Sou eu! Carla.

- Você me ouviu meu amor? Você voltou?

- Não! Eric! Me escuta! Sou eu! Carla! O que está acontecendo?

O viúvo pareceu voltar do transe que o dominara, olhando a sua volta , um pouco zonzo. Quem estava ao seu lado era Carla. Com a respiração alterada como se tivesse corrido mil quilômetros a abraçou.

- Desculpe.

- Eric. O que aconteceu?

- Eu... Nada não.

Mentiu suando frio. Ele jamais esqueceria. Jamais esqueceria a emoção de ter novamente nos braços a mulher da sua vida. Era muito real a sensação de ter visto e ter sentido quem ele mais amava. Justine.

- Você não está bem Eric.

- É verdade. Não estou. Vou para a casa tomar um banho. Te pego ás oito. Tudo bem para você?

- ótimo.

- Então ok. Prometo não me atrasar.

- Mas você está em condições de sair meu amor?

- Estou. Até mais.

Eric gostaria de chegar em casa e descobrir que estava sozinho , mas ele sabia que seria esperar demais. Sentando-se na mesa da cozinha , desolado procurou respirar pausadamente e relaxar. Não obteve sucesso. A sogra encostou a mão em seu braço.

- O que foi que aconteceu agora filho?

- Sem perguntas dona Lúcia. Estou confuso.

- Tudo bem. Só queria saber se precisa de ajuda.

- Preciso sim. Preciso que me tragam a minha justine de volta.

- Querido. Você de novo com essa história? Até quando? Isso é pecado! Você tem que deixa essa menina descansar em paz.

- Dona Lúcia, eu a vi.

- O quê?

- Eu vi!

- Impossível querido. Seria melhor você procurar por um médico.

- Eu não estou doente.

- Esquece a JUSTINE.

- Dona Lúcia, não posso acreditar que esteja me propondo uma coisa dessas! Lembra-se de quem estamos falando? Da sua filha!

- Eu sei! Mas ela está morta, não volta mais e essa obsessão vai te levar até o fundo do poço. Escuta o que eu estou te falando, hein Eric!

- Não é obsessão! É amor.

- Que seja então. Mas seria melhor você se tratar! Eu não quero que volte a repetir que viu a minha filha por nada nesse mundo, está me entendendo? Você bebeu?

- Não! A senhora sabe que eu odeio beber.

- Talvez seja a tensão. Vou fazer um café bem forte para você.

- Obrigado.

Eric não concordava com uma só palavra da sogra. Ela estava equivocada. O que ele sentia não era obsessão. Ele Justine continuavam a ser um só e sempre seriam apesar de ele estar navegando sozinho naquele mar de amor. Sempre seria amor. Foi tudo muito mágico para que Eric deixasse a força do que viveram se transformar em um sentimento tão venenoso quanto à obsessão.

Em contradição, bateu na porta do apartamento de Carla ás 20h00min em ponto.

O que o viúvo viu o deixou completamente sem fôlego. Vidrado, fascinado e completamente dominado pelos instintos masculinos, independente do que sentia pela sua JUSTINE.

Ele beijou sua mão.

- Amor! Pensei que não viesse!

- Jamais faria isso! Você está belíssima!

- Obrigada!

- Podemos ir?

- Claro que sim. E eu te prometo. Hoje, vou fazer essa noite ser inesquecível para você.

Ele consentiu calado.

Eric não imaginava que ela pudesse cumprir a promessa. Aquela noite foi inesquecível. Muito intrigante. Quando chegou ao restaurante, o viúvo não conseguia relaxar. Carla, ao contrário parecia radiante.

Beijos surgiram, regados a vinho e muita sedução. Eric gostaria de se apaixonar por ela , para preencher o vazio que tinha em seu coração , mas sabia que seria impossível. Ele nunca amaria mais ninguém.

- Você me fascina! Tanto! Deixa eu descobrir...

- Descobrir o quê?

- Esse seu mistério!

- Meu mistério! Eric! Sem mistérios! Minha vida é um livro aberto. Principalmente para você.

- Que Bom que seja assim.

Sussurrou acariciando seu rosto, beijando seu pescoço, sua orelha e mordendo a nuca.

- Ai Eric! Eu te amo tanto! Estou apaixonada por você.

Frio, ele se afastou.

- Ouça Carla, deixa eu te explicar eu...

- Não! Não precisa explicar nada! Já sei de cor o que você tem para me dizer, mesmo assim eu não me importo. Você ainda vai ser meu! Eu tenho certeza disso. Não adianta tentar fugir, meu amor! É o destino.

- Destino?

- ele tem sido muito cruel contigo, mas eu sei o que fazer para reverter essa situação. Confia em mim. Vou ser uma excelente mãe para os seus filhos.

- Espera , Carla. Não vamos falar sobre os gêmeos. Vai estragar a nossa noite.

- Por que? Coitadinhos! Eles são tão especiais!

- Para você talvez, mas para mim, não.

- Mas você é o pai deles.

- E o homem que ficou sem a mulher de sua vida, graças a eles.

- Ah não Eric! Não pode culpa-los! Isso é pesado demais! Não merecem! Eles são tão inocentes.

- Chega Carla! Eu não quero ser duro com você.

- Tudo bem, desculpe. Se te atormenta tanto, não toco mais no assunto meu amor.

- Obrigado.

- Toma mais vinho!

- Não! Não posso! Já tomei demais.

- Por que não pode?

- Se eu tomar mais vinho. Perco a cabeça. Ao invés de te levar para cama, acabo fazendo amor com você é aqui mesmo!

- Nossa! Que delicia!

Sugestiva, ela encheu sua taça. Eric a beijou. Ele não conseguia resistir ao apelo sexy daquela mulher. Era como uma espécie de imã.

- Vamos dançar.

O viúvo a puxou para pista.

Eric era a sensação no salão. Todas queriam dançar com ele, que dispensava educadamente. Carla era a única dama que ele gostaria de estar conduzindo naquele momento. Apesar de que seria um sonho estar dançando com JUSTINE agora. Fechou os olhos e tentou imaginar aquele instante de magia, até que a voz de Carla lhe arranca de seus devaneios.

- Obrigada por essa noite maravilhosa meu amor.

- Fico feliz que esteja gostando.

- Não acha que devemos sair mais vezes?

- Sim. Mas por hora gata, sinto muito, mas... Está tarde! Vamos indo?

Eram exatas 00h00min e Eric sinalizou ao garçom para pagar a conta.

- Vou até o toalete.

Quando Carla se virou para sair em direção ao banheiro uma senhora segurou fortemente em seu braço. Ela se assustou.

- Você?

Grunhiu a idosa, Cravando a unha enorme na pele delicada da acompanhante de Eric.

- A senhora está me machucando.

- E não é para machucar? Você acabou com a minha vida!

- Eu não sei do que possa estar falando.

Eric, prontamente foi ao encontro de Carla. Estranhando toda aquela situação.

- O que está acontecendo aqui?

A respiração de Carla passara a se alterar.

- Eric, essa senhora está me confundindo.

- Não estou confundindo nada. Sei muito bem quem você é. Sua víbora! Posso ter até idade minha filha. Mas ainda não sou caduca.

- Se não me soltar agora fica difícil de acreditar.

- Dona, por favor. Solta a minha namorada! Está machucando o braço dela.

- Mas é exatamente isso que eu quero.

- Solta ela. É a ultima vez que peço! Não quero ser austero com uma senhora da sua idade. Por favor, solta minha namorada ou vou ter que chamar os seguranças. É isso que quer?

- Responda! O que quer de mim?

- Quero que você sinta pelo menos um pouquinho da dor que eu senti quando você tirou meu filho de mim, pérola.

- Pérola? Meu nome é Carla.

- Sei muito bem que esse é um pseudônimo. Carla é o nome da minha neta, sobrinha do Sérgio. Vai dizer que se esqueceu?

Eric sentiu que o rosto belo, ficara branco como cera.

- Vamos embora Eric.

Ordenou.

- Espera.

- Vamos embora agora mesmo.

Conseguindo se livrar da rival. A bela dama saiu puxando o viúvo pelo braço e saíram do restaurante.

A noite terminou assim.·.

Dona Lúcia não dormiu atormentada por pesadelos. Quando a manhã chegou, ela não teve bons pressentimentos quando olhou para a cara do genro. Dona Lúcia estava assustada. Sentia no coração que sua hora estava para chegar e ela precisava confessar todos os seus pecados antes de se despedir desse mundo.

Eric sentou-se na mesa e ficou em silêncio por alguns instantes. Quando ela lhe serviu café ele questionou:

- Dona Lúcia, por quê?

- Por que o quê, meu filho?

- Não pude ver o corpo da minha mulher. O que aconteceu para lacrarem o caixão de JUSTINE? Responde-me! Isso sempre me intrigou. Agora eu quero saber.

- Filho, a JUSTINE, ela...

- O que tem a minha mulher?

- A minha filha...

- Dona Lúcia, a senhora está me escondendo alguma coisa.

A campainha tocou e a boa velhinha se assustou tanto que deixou que sua xicara caísse no chão.

O viúvo foi atender a porta.

Era um funcionário da floricultura cheire-me. Entregando um buquê de rosas negras nos braços de Eric. Que sentiu seu corpo todo dominado por intensos arrepios. Elas estavam endereçadas á sogra.

Ainda em choque ele as entregou, sem alternativa.

- São para mim?

- É o que diz no cartão.

Ela leu em silêncio e com um nó na garganta.

“estou ansiosa para lhe dar aquele presentinho”.

Era só isso.

- São para mim mesma.

- Mas quem foi que fez essa brincadeira tão sem graça?

- Isso Eric... Isso aqui não é brincadeira?

Ela lhe apontava o buquê.

- Como?

- Eric, você precisa ir embora daqui agora! Está correndo perigo. Você e suas crianças. Pegue meus netos e vai para longe meu filho. Para longe!

- Dona Lúcia, sobre o que está falando?

- Eu não sei se dá tempo de explicar.

O almoço era feito em um clube. Júnia observava o casal aflita , enquanto brincava em um parquinho com as crianças. Deixava Eric exposto ás teias venenosas da aranha Carla.

- Eric querido, é verdade o que você disse aquela velha louca lá no restaurante?

- E o que foi que eu disse?

- Que eu era a sua namorada.

Fez passar certa timidez.

- É verdade. Só faltou te fazer o pedido formalmente. Quer namorar comigo?

Um tempo a sós com Eric, Júnia desabafa.

- Não acredito que tenha pedido a Carla em namoro.

- Pedi. Pedi sim. Estou muito carente, não aguento mais ficar sozinho. E depois aqueles meninos precisam de uma referencia maternal na vida deles.

- Eric, por favor, mude de idéia.

- Você está louca?

- Não! Mas em nome de JUSTINE! Eu não quero que ocorra outra tragédia.

- Sobre o que está falando?

Júnia, de repente, muito pálida, se calou. Carla estava atrás dela e quando ela deu por si, era esbofeteada.

- Sua estúpida!

Esbravejou com toda a sua fúria.

- Carla! Por que fez isso?

Questionou Eric. Ela não lhe deu ouvidos.

- Vamos embora agora mesmo Júnia.

- Não meu amor, vamos para a minha casa, você precisa se acalmar e deixar Júnia um pouco sozinha.

- Está bem Eric.

Muito mais tarde, ambos estavam isolados do mundo, dominados por um desejo animal, surreal, ao qual a prioridade do mais novo casal era dar vazão total.

Com as mãos, com a boca , com sua masculinidade , em fim , com tudo,Eric queria aquele corpo , queria demonstrar o quanto a desejava. Era o que Carla merecia por ter devotado todo o seu amor e paixão. Ele sabia que ela sonhava mais , mas era só o que poderia ter. Tesão.

Suas respirações estavam alteradas. Para que estivessem totalmente nus , faltava apenas uma peça a ser retirada. A calcinha da mulher que era a própria personificação das mais ardentes chamas. De repente, Eric deteu as caricias da amante. Segurando suas mãos , ele se ajoelhou na cama. Calado , de cabeça baixa , parecia arrependido. Em suspense, ela também não dizia uma palavra. Esperando. Apenas esperando. Até que em fim ele se pronuncia. Duro, frio.

- Saia.

- Como?

- Eu não quero mais.

- O quê?

- Eu nunca quis nada com você, sabe bem disso. Eu deixei me levar pelo desejo , pelo seu corpo tão sensual e tal... mas... é melhor a gente parar por aqui.

- Eric! Como você pôde? Brincou com os meus sentimentos! Eu disse que te amo! E você disse que agora eu era sua namorada.

- Eu me precipitei. Estive prestes a cometer um equivoco do qual eu me arrependeria amargamente mais tarde e pelo resto da vida. Eu ia trair a minha mulher , na  nossa própria cama. Ela jamais me perdoaria.

- Lá vem você de novo com essa história! Eric! Por favor, meu amor! Pensa direitinho! Já está passando da hora de você esquecer essa morta e ficar comigo que estou viva, que te quero e tenho todo o meu amor para te dar.

- Não.

- Eric!

- Sai. Já disse! Desce agora da minha cama! Está sujando o meu ninho de amor com a JUSTINE, o lugar onde fomos felizes. O tempo todo.

- Espera aí! Será que eu ouvi direito?

- Ouviu sim. O que está esperando para sair do meu quarto agora?eu jamais deveria ter deixado que entrasse.

- Eu não vou sair.

Eles estavam trancados.

Eric , bruto, jogou todas as suas roupas sobre o rosto dela.

- Se vista e saia. Se eu pedir de novo, vou ser obrigado a usar a força. E eu não gostaria.

- Você não sabe com quem está brincando Eric.

- Eu não estou brincando.

Carla , tentando se recompor , finalmente aceitou sair do quarto. Abriu a porta , ajeitou os cabelos. Quando se virava para ir embora, deu de cara com Júnia, sentada ao lado de Dona lúcia.

- Júnia!

Pronunciou!

- Dona Lúcia!

Eric a imitou.

- O que estão fazendo juntas? Júnia, você a conhecia?

- Não! Eu vim alertá-la sobre o perigo que você representa para essa casa. E vim implorar , pelo Eric e pelas crianças que não a deixasse mais colocar os pés aqui.

- Mas eu , já sabia.

Carla corou. Eric viu que ela de repente teve o rosto transformado.

- Sobre o que estão falando?

Todas o ignoraram

- Meu Deus! Mas o que foi que você fez sua vaca? Eu tanto que te avisei!

Carla gritou descontrolada.

- Ei! Isso é jeito de falar com sua melhor amiga?

- Nós não somos amigas. Eric.

Júnia tentou explicar calmamente.

- Alguém, por favor, pode me explicar o que está acontecendo aqui?

- Ninguém vai explicar nada! Eu e essa pilantra vamos embora agora!

Carla se antecipou.

- Eu não vou! Se o Eric quer destruir sua vida, a escolha é dele, mas eu não saio daqui sem a dona Lúcia.

Proferiu Júnia.

- Filho! Foge filho! Pega suas malas agora e vai embora com seus filhos! Antes que essa mulher destrua sua vida.

- Sobre o que está falando dona Lúcia.

- Estou falando desse monstro! Essa mulher que está aí na sua frente. Ela só está aqui com o único propósito de destruir a todos nós!

- Eu? A senhora está muito enganada! Sua velha gaga!

Ironizou Carla.

- Você mesma! Ela matou a minha filha.

- Dona Lúcia! O que a senhora está me dizendo?

A declaração da sogra agiu como uma facada em seu coração que já sentia a visão comprometida por uma nuvem escura, um intenso gosto amargo na boca, dor e muita decepção.

- Estou dizendo que essa cobra é a única responsável por todo o pesadelo que temos vivido ultimamente. JUSTINE não morreu em função do parto. Minha filha foi assassinada Eric.

- Carla! Você...

- Sim Eric! Poupe suas energias! Não precisa me pedir explicações. Isso não é alucinação da velha. Eu matei a sua mulher. Aquela caretinha.

- Como é que você fala uma coisa dessas com essa tranquilidade? Que espécie de ser humano é?

- Mas meu amor! O que você queria? Eu estava simplesmente apaixonada por você! Eu tinha que fazer alguma coisa!

- Matar! Destruir a minha vida!

- Não! Você é que não me deixou te fazer feliz!

Eric tremia. As lagrimas lavavam seu rosto. Intensos calafrios dominavam seu corpo. Tinha o olhar vidrado. Vermelhas feito brasa. Suava.

- Isso só pode ser um pesadelo.

- Não. É a mais pura realidade. Um plano muito bem arquitetado e alimentado. Para que aquela cafoninha sumisse de uma vez para sempre das nossas vidas e nos deixasse viver o nosso amor em paz.

- Você não sabe o que está falando.

- Olha que eu sei sim meu amor!

- Um plano muito bem arquitetado e alimentado!

Ela repetia e ria feito louca.

- O que quis dizer com alimentado?

- Assim que minha filha teve os bebês Eric, Essa assassina apareceu lá no hospital. Todos pensavam que iria fazer uma visita normal, mas não era a sua intensão e ela também não foi sozinha.

- Como assim?

- Desculpe filho. Eu não posso continuar.

- Dona Lúcia! Continua! A JUSTINE não está mais aqui entre nós. Temos que fazer justiça!

- Fui ao banheiro , tomar um banho enquanto JUSTINE alimentava um dos gêmeos e quando eu voltei.  A minha filha ela...

- Anda sua velha! Fala logo o que aconteceu com o seu anjinho!

- Cala a boca!

Eric gritava. Júnia chorava. Todos estavam descontrolados.

-  Ela já se debatia toda , filho! Pedia socorro, mas já não havia muita coisa a fazer!

- Meu Deus! Por quê? Dona Lúcia! A senhora está me deixando louco! O que aconteceu com a minha Justine? O que essa bandida fez com ela.

- A minha filha estava sendo devorada por um peixe! Um peixe Carnívoro!

- O quê?

- O meu animalzinho de estimação querido! A Lola me deu uma forcinha! Me ajudou a despachar rapidinho a sua esposa para o espaço.

Eric avançou sobre Carla, alucinado e travou suas duas mãos enormes em torno do pescoço dela.

- Sua cachorra! Sua bandida! Você acabou com a minha vida! Agora eu vou acabar com a sua! Eu vou acabar com você sua assassina!

Esbofeteando-o, Carla conseguiu se livrar.

- Eu te Queria Eric! Eu te queria com todas as minhas forças, tanto que matei sua mulher e não me arrependo disso. Mas agora, vai ter que me pagar. E caro pelo que fez.

- As crianças!

Júnia se preocupou.

- Estão na escola.

Dona lúcia informou torpe.

- Uma piranha! Você deixou que uma piranha consumisse a minha mulher?

Gaguejou Eric.

- Sim.

Murmurou simplesmente.

- Eu vi! Eu vi! Ela gritava pedindo ajuda! Ela gritava! Mas o que eu podia fazer? No desespero escorreguei no piso molhado no banheiro, bati a cabeça e desmaiei. Quando voltei a mim, JUSTINE já estava morta.

Dona Lúcia continuava seu relato em desespero.

- Meu Deus! Por quê? Para quê tanta crueldade!

Eric sussurrava.

- Crueldade? Eu fiz por amor! E olha ! quase ficamos juntos! Quase!

- Aquele peixe acabou com quase tudo dela filho! Já tinha comido todo o tecido do rosto! Suas viceras... os braços , o queixinho... estava tudo... tudo devorado. Acabaram com a minha JUSTINE.

- Chega! Chega Dona Lúcia. Eu não quero ouvir mais nada.

O viúvo agora fazia vômito.

- Foi por isso que lacraram o caixão dela. Você não me disse que nunca entendeu esse fato já que os médicos foram comprados, para que mentissem dizendo que ela morreu em decorrência de uma complicação no parto? Isso  nunca foi verdade! Eu sabia de tudo! Por que acha que eu sempre odiei essa mulher?

Eric abraçou a sogra.

- Júnia. Fala alguma coisa! Pelo amor de Deus! Você sabia disso?

- Sabia.

- Por que não me disse nada? Deixou que eu expusesse meus filhos! Deixou que corressem também risco de vida!

- Mas eu não podia falar nada.

- Por quê?

Ele gritava indignado.

- Porque eu também estava correndo risco de vida. Essa mulher matou os meus pais. Assim como dona Lúcia, eu vi esse monstro atirando contra meus pais a queima roupa e fui obrigada a ficar calada o tempo todo e viver sobre o mesmo teto que uma assassina , para garantir a ela que essa história jamais viria a tona e assim , ela não correria o risco de ser presa.

- Que horror! Por que ela fez isso?

- Ela era secretária da empresa do meu pai e para conseguir mais dinheiro, dormiu com ele. Minha mãe descobriu, ele negou tudo... E... Deu no que deu.

- Carla!

- Meu nome não é Carla.

- Então aquela senhora tem razão. Qual é o seu nome?

- o nome dela é Pérola. Pérola. Eric.

Júnia informou.

- Sua assassina. Ordinária. O que foi que você fez com o filho daquela mulher?

- Eu o matei. Ele me humilhou, como uma cachorra! E eu o matei. E é isso que eu vou fazer com você. Agora.

- Não. Não mesmo! Chega de vitimas! Vou ligar para policia! E você vai sair da minha casa. Presa. Ao mundo você não faz mal mais!

- Querido! Ouça o que estou te dizendo! Não vai dar tempo.

Rápida, Carla, ou Pérola, tirou da bolsa uma arma. Apontando para a cabeça de Eric.

Júnia e dona Lúcia gritaram.

- Eric! Corre querido! Ela vai te matar.

- Correr?

Eric questionou, paralisado.

- Ela vai atirar! Ela não está brincando.

- Eu sei! Eu não vou correr.

- Meu filho! O que está dizendo? Você não ia chamar a policia?

- Gente. Eu não vou chamar a policia. Vocês estão enganadas. Eu não vou fazer nada.

Parecendo recuperar-se de todo o choque de repente, ele então sentou-se no meio da sala.

- Eric! Acorda!

- Estou acordado! Mas ela pode atirar. Quando quiser , ou não percebem que eu quero morrer?

- Não pode estar falando sério!

Dona Lúcia pronunciou em pânico!

- Eric! Levanta!

Júnia postou-se na frente da assassina que a empurrou.

- Sai da  minha frente. Já me atrapalhou demais. Quero realizar pelo menos um desejo do meu viuvinho perfeito.

- Anda! Atira logo! Assassina! Atira! Já me fez mal demais! Agora chegou a hora de me recompensar! Quero me encontrar com a minha JUSTINE!

- Não! Com ela não!

- Não percebe? Aperta logo esse gatilho! Vamos acabar com isso! Não aguento mais essa saudade! Eu quero a minha mulher! Sempre quis! Desde que ela se foi! E eu quero me encontrar com ela agora! Atira! Vai! Não aguento mais essa distancia! Estive morrendo em vida sem a minha JUSTINE. E agora, você pode me levar até ela. Por favor! Se você me ama de verdade! Me ajude a acabar com o meu sofrimento.

- Não! Eu não vou atirar! Com ela você não vai ficar!

Carla jogou a arma no chão. Eric a pegou. Mirou em sua cabeça e atirou.

Eric estava morto.

Morto por um ato de amor.

JUSTINE sempre foi e sempre seria o grande sonho de sua vida. Sonho consumado no dia em que ele colocou no dedo aquela aliança. Sonho reavivado quando se lambuzavam inteiros ao tentarem fazer brigadeiro, sonho realizado durante a gravidez dos gêmeos. Sonho que Carla roubou quando a tirou. Agora ele a queria de volta. Eric estava pronto para reencontrar a mulher da sua vida. Acreditava poder tê-la em seus braços. Acreditava que agora, faziam novamente parte de um só mundo e que nada , nem ninguém poderiam novamente impedi-los de navegar em um MAR DE AMOR.

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Atualizado em: Qui 15 Dez 2011

Comentários  

#13 PauloJose 24-05-2014 19:09
ANATOMIA, AMOR, SEDUÇÃO, PRAZER. ESTÁ LIGADO NA SAÚDE DE NOSSO SER.
PRECISAMOS DE ADRENALINA, E A MELHOR É O AMOR. :roll:
#12 cesinha 06-09-2012 14:50
Uma escrita de cores bem vívidas, que revela o talento da romancista.
#11 Marlende 29-07-2012 17:21
Uaall !!! excelente, narrativa envolvente,prende o leitor do inicio ao fim, muito bem escrito...Paarabéns !
#10 JRobertoJun 25-07-2012 13:15
Boa tarde, Laura!
Acabei de ler o conto (romance) O Viuvo.
Adorei. Parabéns pela inspiração.
Tenha uma otima tarde.
Abraço,
#9 Miguel 13-07-2012 16:03
Impressionante!
#8 Gilvan 29-06-2012 19:29
Narativa forte e bem escrita.Parabéns.
#7 wicos 25-06-2012 14:47
sou susteito pra dizer mais tu és big my niece valeu do tio
#6 laura 21-06-2012 15:41
muito obrigada pelos comentários meus amigos. Esse romance me deixou um pouco insegura mas lê-los me tranquiliza bastante. o apoio de vocês é muito importante para mim.
#5 PauloJose 21-06-2012 13:04
O ÁPICE DO PRAZER.PARABÉNS. ESTRELEI!!!
#4 PauloJose 19-05-2012 16:01
PARABÉNS PELO TEXTO....
ABRAÇOS AMIGA.

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