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PROCURA-SE

Nação abandonada e aflita procura indivíduo íntegro e gabaritado para presidi-la.
Com a finalidade de substituir pessoa inabilitada, inculta e de baixa qualificação, em processo de exoneração, está aberta vaga para estadista sênior.
O requerente necessitará comprovar sabedoria para lidar com competência dos assuntos de Estado, capacidade para conciliação e articulação.
Poderá pertencer a qualquer raça, mas tratará equitativamente a todas as etnias. Atenção especial será conferida a povos pelos quais a nação tem débito em sua formação cultural como os índios em seu direito milenar sobre as terras que habitavam e os quilombolas por razões de reparação histórica.
Embora o estado a ser governado seja laico, será preciso que o habilitado tenha tolerância a todas as religiões. A religiosidade não será atestada pela mera utilização de bordões demagógicos como “Deus acima de todos”, mas pelo assentimento de um verdadeiro espírito cristão de complacência, fraternidade e perdão.
Embora não seja exigido nível universitário, o pretendente precisará demonstrar preparo intelectual e bons conhecimentos, atestados pelo hábito de leitura e afeição às artes. Redes sociais pontuam negativamente.
A ideologia do interessado poderá pender para a esquerda, direita ou (preferencialmente) centro. O único requisito será o de que, uma vez no exercício da função, não se afaste dos princípios democráticos e da Constituição. Serão inadmissíveis inclinações autoritárias, louvor a ditaduras e elogio a torturadores.
Seja qual for a preferência partidária, deverá haver predisposição de conviver com a divergência e manter uma relação de respeito com os adversários. Jamais serão estes tratados com desprezo (ainda que não haja reciprocidade). Terá também de possuir serenidade ao receber críticas e humildade para reconhecer erros.
Uma vez assumido o cargo, desaparecerão as práticas de favorecimento ou discriminação. Todos merecerão tratamento igualitário, independente de credo ou gênero. Deverá haver habilidade em pacificar os ânimos e promover a união nacional. Dialogar e negociar são qualidades fundamentais.
O Judiciário e o Legislativo serão tratados com reverência, uma vez que constituem pilares do regime. Manter relacionamento de cordialidade com o presidente das casas legislativas é de bom alvitre de modo a permitir bom trâmite de projetos de interesse da nação.
O imenso território a ser administrado foi aquinhoado pela Natureza com uma exuberante diversidade de espécies vegetais e animais, pluralidade de biomas, fartura de recursos naturais, abundância de água. Será preciso que o interessado saiba cuidar com zelo do inigualável e inestimável patrimônio ambiental que vai gerir e por ele tenha apreço.
A população a ser comandada, ainda que com tendência a pequenas transgressões e vantagens indevidas, tem índole pacífica, brincalhona e cordial. Observou-se todavia um atípico crescimento de violência devido à leniência dos mandatários precedentes. Será preciso que o postulante a governante saiba reverter esse quadro, através de sábias medidas de inteligência, inclusão e pacificação. Deverá afastar o impulso a combater a violência com mais violência equivalente ao de combater incêndio com querosene. Tenha-se em conta que um Estado policialesco e o incentivo ao acesso às armas são incompatíveis com um estado de direito onde deve prevalecer a tolerância e o entendimento.
É exigência legal que o candidato seja acompanhado de um vice o qual terá uma atividade acessória, pouco mais que decorativa. Ao vice, ainda que qualificado, não caberão atitudes que se sobrepujem em razoabilidade às do titular, o que configuraria demonstração inequívoca de despreparo desse último. O vice não poderá ser usado como mourão de apoio.
Não há impedimento à presença de filhos, desde que estes não tenham tendências psicóticas e truculentas e queiram ser protagonistas das ações do pai em assuntos do governo. O futuro governante deverá saber impor sua própria personalidade, sem se deixar influenciar por conselhos e interveniência de pessoas estranhas ao poder, sejam familiares, gurus e pilantras em geral que queiram porventura inserir ideais inoportunos em assuntos nacionais.
Em disputas internacionais, será altamente recomendável que se procure manter independência e neutralidade prevalecendo a tradição de não alinhamento e respeito à autodeterminação dos povos, sem aventuras bélicas.
Os países latino-americanos figurarão em posição de destaque, uma vez que a prosperidade continental propicia melhores condições para o desenvolvimento interno. Empenhar-se-á, pois, em construir pontes de amizade com os vizinhos e rechaçar muros de separação.
Nas negociações com nações poderosas, será imprescindível manter o aprumo, defendendo com cabeça erguida os interesses nacionais, sem incorrer em atitudes de subserviência. Nunca se farão concessões unilaterais que nos rebaixem e nos coloquem em posição subalterna.
Essa altivez não deverá ser confundida como xenofobia ou patriotismo exacerbado que levam a sentimentos nocivos de superioridade. Num ambiente globalizado, será preciso conceber os conflitos dentro de uma perspectiva de integração, onde as fronteiras nacionais tornam-se cada vez mais tênues, em direção de uma nova ordem internacional, postulando o desarmamento e a paz mundial. Os fluxos migratórios decorrentes de conflitos armados, fome e mudanças climáticas serão, dentro do possível, acolhidos de maneira humanitária, que sirva de admiração e referência para os demais países.
O aspirante necessita comparecer ao setor pessoal para avaliação munido de currículo. Nele constará sua atuação pregressa em benefício da comunidade. Tópicos como baixa participação legislativa, histórico reprovável de posicionamento em assuntos de relevância, proximidade com grupos milicianos e incitação ao ódio subtrairão pontos.
Quem se habilita?
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Atualizado em: Dom 7 Abr 2019

Comentários  

#1 izzi 08-04-2019 17:43
Amei!!! Perfeito

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