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A LOIRA DO BANHEIRO
Essa história passou-se aqui, no Marista, no primeiro ano de sua atividade. Acredite quem quiser. Vou relatar e espero que aqueles inteligentes evitem errar, pois a “Loira do Banheiro” aparece em qualquer turno e nos banheiros masculino e feminino.
Como na época houve muita comoção, todos evitam falar o nome dela, que já caiu no esquecimento. O que sabemos é que todos, a partir de então, evitam descumprir as normas, a evitar se bater com ela, que sempre vem na surdina, por trás, e quando não a avistamos através do espelho, ela nos toca com sua mão sempre muito gelada. Dois meninos, um de nove e outro de onze, e uma menina de dez anos, isso no segundo ano depois de iniciado as atividades aqui no Marista – Boca do Rio se assustaram tanto que pediram transferência. Por isso muita atenção no que vou contar:
A “Loira do Banheiro” era uma menina muito triste. Chegava mais cedo que todos os outros alunos e ficava dentro do banheiro a se olhar, até o início das aulas. No intervalo, enquanto todos iam lanchar e depois ficavam a brincar, ela corria para o banheiro e ficava a se admirar, sempre se maquiando, achando-se gorda, mesmo estando magra e já com princípio de anemia. No término das aulas, a mãe sempre tinha que procurá-la, pois não aparecia na saída e sempre era a última a sair do colégio. Um belo dia, já bastante magra e adoentada, ela nunca mais apareceu. E ninguém quis mais falar sobre ela. Como não tinha amigos e se escondia pelos banheiros, ninguém mais ligou ou lembrou-se dela. Até aquele dia...
Marquinhos já estava próximo dos onze anos de idade e adorava se descobrir, a conhecer melhor seu corpo. Mal dava o intervalo e lá ia ele para o banheiro, trancando-se e tirando o direito de outros alunos utilizarem um dos vasos sanitário. Tanto fez que um belo dia, mais de vinte minutos trancado, saiu gritando pelo corredor, as calças no meio das pernas, dizendo que uma menina loira apareceu dentro do banheiro, do nada, e tocou em seu ombro, gelando-o por inteiro. Depois disso, Marquinhos não demorava mais que cinco minutos no banheiro, e só entrava acompanhado por algum colega, o qual ficava aguardando no toalete. Mas, pior foi com Mariana...
Ela era a princesa da escola. Os meninos se derretiam por ela. Mal dava o intervalo e lá ia ela para o banheiro, se maquiar. Quando chegava à cantina, já no final do lanche, ficava passeando por entre os meninos, toda perfumada, unhas pintadas, e o rosto completamente maquiado. E nem lanchava. Alguns meninos deixavam de jogar bola para ficar admirando-a. E isso aconteceu em todo o primeiro semestre. A cada dia que passava, Mariana se esmerava mais nos acessórios por todo o corpo, ao ponto de todos a imaginarem desfilando por um Shopping Center. Tinha vezes que pedia para sair da sala meia hora antes do término da última aula, alegando dor de barriga ou qualquer outra necessidade, para se produzir e ficar zanzando pelos corredores, exalando o perfume que tirava a atenção de todos os meninos em suas salas, tanto estavam enamorados. Até que um belo dia...
No segundo semestre, chegou ao colégio um lindo menino, transferido com os pais do sul do país. Aí foi que Mariana não mais quis sair do banheiro. Qualquer oportunidade que aparecia, lá estava ela. Um belo dia, pouco antes das onze, ouviu-se um grito assustador ecoando pelos corredores, fazendo todos correrem de imediato para fora das salas, a saber que tragédia tinha acontecido. Mariana estava toda urinada, despenteada, com a maquiagem borrada, e ainda trêmula, disse que do nada apareceu uma menina loira, com cara de morta, pedindo para se maquiar também. Mariana, com medo, foi estudar em outro colégio e depois desse dia, nenhuma menina passava mais que cinco minutos no banheiro. Até aquelas que usavam o banheiro para ficar de conversinha no celular, evitavam ficar mais que os cinco minutos necessários no banheiro.
E não pensem que isso é invenção. Nenhum professor vai confirmar para evitar confusão. Mas, ai daquele que não agir conforme estou dizendo. Até aqueles que gastam muito papel higiênico já se assustaram com a presença da “Loira do Banheiro”. Eu é que não vou dar vacilo...