- Resenhas / Sinopse
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A arte de escrever, por Antonio Ozai da Silva
Arthur Schopenhauer (1788-1860), o filósofo do pessimismo, nos legou reflexões acerca do ato de escrever, ler e pensar criticamente. Em "A arte de escrever" (Porto Alegre: L&PM, 2005), estão reunidos os seguintes ensaios: "Sobre a erudição e os eruditos", "Pensar por si mesmo", "Sobre a escrita e o estilo", "Sobre a leitura e os livros" e "Sobre a linguagem e as palavras". Sem ter a pretensão de resenhar, destaco alguns trechos que podem contribui para a reflexão sobre a arte de escrever:
"Antes de tudo, há dois tipos de escritores: aqueles que escrevem em função do assunto e os que escrevem por escrever. Os primeiros tiveram pensamentos, ou fizeram experiências, que lhes parecerem dignos de ser comunicados; os outros precisam de dinheiro e por isso escrevem, só por dinheiro" (p. 55).
Hoje, escreve-se pelo Lattes, pela pontuação e, portanto, pelo produtivismo que garanta as melhores condições na disputa dos editais e recursos materiais e simbólicos no campo acadêmico. Ou seja, salvo as exceções, escreve-se por escrever.*
"O estilo é a fisionomia do espírito. E ela é menos enganosa do que a do corpo. Imitar o estilo alheio significa usar uma máscara. Por mais bela que seja, torna-se pouco depois insípida e insuportável porque não tem vida, de modo que mesmo o rosto vivo mais feio é melhor do que ela" (p.79).
"A afetação no estilo é comparável às caretas que deformam o rosto" (Id.).
"Em todo caso, o estilo não passa de uma silhueta do pensamento: escrever mal, ou de modo obscuro, significa pensar de modo confuso e indistinto" (p.84).
"Assim, a primeira regra do bom estilo, uma regra que praticamente se basta sozinha, é que se tenha algo a dizer. Ah, sim, com isso se chega longe!" (id.).
"Quem tem algo digno de menção a ser dito não precisa ocultá-lo em expressões cheias de preciosismos, em frases difíceis e alusões obscuras, mas pode se expressar de modo simples, claro e ingênuo, estando certo com isso de que suas palavras não perderão o efeito. Assim, quem precisa usar os artifícios mencionados antes revela sua pobreza de pensamentos, de espírito de conhecimento" (p.85).
"Em contrapartida, um bom escritor, rico em pensamentos, conquista de imediato entre seus leitores o crédito de ser alguém que, a sério, realmente tem algo a dizer quando se manifesta; é essa atitude que dá ao leitor esclarecido a paciência de segui-lo com atenção" (p.85-86).
"Pessoas de talento (...), dirigem-se realmente a nós em seus escritos, e por isso são capazes de nos animar e entreter: apenas eles combinam as palavras com plena consciência, com critério e intenção" (p.88).
"Quere escrever como se fala é tão condenável quanto o contrário, ou seja, querer falar como se escreve, o que resulta num modo de falar pedante e ao mesmo e ao mesmo tempo difícil de entender" (p.91).
"... deve-se evitar toda prolixidade e todo entrelaçamento de observações que não valem o esforço da leitura. É preciso ser econômico com o tempo, a dedicação e a paciência do leitor, de modo a receber dele o crédito de considerar o que foi escrito digno de uma leitura atenta e capaz de recompensar o esforço empregado nela" (p.93).
"Quem escreve de maneira displicente confessa, com isso, antes de tudo, que ele mesmo não atribui grande valor a seus pensamentos" (p.112).
As citações são do ensaio "Sobre a escrita e o estilo" e, claro, não anula a necessidade de ler na íntegra todos os textos reunidos na obra citada.
Embora não simpatize com o tom elitista e pessimista dos escritos deste filósofo alemão, penso que permanecem atuais e contribuem para o aprendizado dos interessados pela arte de ler, pensar e escrever. Sugiro a leitura crítica de "A arte de escrever".
"Antes de tudo, há dois tipos de escritores: aqueles que escrevem em função do assunto e os que escrevem por escrever. Os primeiros tiveram pensamentos, ou fizeram experiências, que lhes parecerem dignos de ser comunicados; os outros precisam de dinheiro e por isso escrevem, só por dinheiro" (p. 55).
Hoje, escreve-se pelo Lattes, pela pontuação e, portanto, pelo produtivismo que garanta as melhores condições na disputa dos editais e recursos materiais e simbólicos no campo acadêmico. Ou seja, salvo as exceções, escreve-se por escrever.*
"O estilo é a fisionomia do espírito. E ela é menos enganosa do que a do corpo. Imitar o estilo alheio significa usar uma máscara. Por mais bela que seja, torna-se pouco depois insípida e insuportável porque não tem vida, de modo que mesmo o rosto vivo mais feio é melhor do que ela" (p.79).
"A afetação no estilo é comparável às caretas que deformam o rosto" (Id.).
"Em todo caso, o estilo não passa de uma silhueta do pensamento: escrever mal, ou de modo obscuro, significa pensar de modo confuso e indistinto" (p.84).
"Assim, a primeira regra do bom estilo, uma regra que praticamente se basta sozinha, é que se tenha algo a dizer. Ah, sim, com isso se chega longe!" (id.).
"Quem tem algo digno de menção a ser dito não precisa ocultá-lo em expressões cheias de preciosismos, em frases difíceis e alusões obscuras, mas pode se expressar de modo simples, claro e ingênuo, estando certo com isso de que suas palavras não perderão o efeito. Assim, quem precisa usar os artifícios mencionados antes revela sua pobreza de pensamentos, de espírito de conhecimento" (p.85).
"Em contrapartida, um bom escritor, rico em pensamentos, conquista de imediato entre seus leitores o crédito de ser alguém que, a sério, realmente tem algo a dizer quando se manifesta; é essa atitude que dá ao leitor esclarecido a paciência de segui-lo com atenção" (p.85-86).
"Pessoas de talento (...), dirigem-se realmente a nós em seus escritos, e por isso são capazes de nos animar e entreter: apenas eles combinam as palavras com plena consciência, com critério e intenção" (p.88).
"Quere escrever como se fala é tão condenável quanto o contrário, ou seja, querer falar como se escreve, o que resulta num modo de falar pedante e ao mesmo e ao mesmo tempo difícil de entender" (p.91).
"... deve-se evitar toda prolixidade e todo entrelaçamento de observações que não valem o esforço da leitura. É preciso ser econômico com o tempo, a dedicação e a paciência do leitor, de modo a receber dele o crédito de considerar o que foi escrito digno de uma leitura atenta e capaz de recompensar o esforço empregado nela" (p.93).
"Quem escreve de maneira displicente confessa, com isso, antes de tudo, que ele mesmo não atribui grande valor a seus pensamentos" (p.112).
As citações são do ensaio "Sobre a escrita e o estilo" e, claro, não anula a necessidade de ler na íntegra todos os textos reunidos na obra citada.
Embora não simpatize com o tom elitista e pessimista dos escritos deste filósofo alemão, penso que permanecem atuais e contribuem para o aprendizado dos interessados pela arte de ler, pensar e escrever. Sugiro a leitura crítica de "A arte de escrever".
Atualizado em: Dom 12 Abr 2009
Comentários
valeu pela dica.
obrigado.
valeu pela dica.
obrigado.